Procuro-me. Divagando por entre estas casas e prédios, altos, autênticas paredes de betão que me impedem de ver o Sol, tento encontrar-me.
Percorro, no meu interior, as memórias de uma vida, da minha vida, mas não me encontro nem no meio delas me sinto. Vejo pessoas, árvores, casas… tudo menos os que queria, realmente, ver. Nas minhas recordações, encontro-te a ti, a ele, ao outro, mas nunca aquele que sou. Não me conheço.
Continuo a caminhar e continuo a ver tudo e todos; a ver vidas em mim refletidas, mas nunca a minha… Sinto-me vazio de estar tão cheio de vivências que não são minhas!
Será que, afinal, não sou nada? Mas se não o sou, como sei não o ser? E viver sem ser, não é viver certo? Não se pode viver sem uma vida… Mas eu tenho em mim inúmeros que vivem em mim… Afinal de contas, o que será isto? Que serei eu? Serei apenas um reflexo da vida dos outros?
Talvez seja exatamente isso, é-me impossível não mudar, não consigo criar a minha própria imagem, não consigo criar a minha própria vida!
Então, que alternativa me resta? A que sempre me restou, continuar a ser o que sou, um pedaço de vidro sem fundo dependente de ti para existir e ter vida… Portanto, apenas te peço que te reflitas em mim, para que, pelo menos, durante um breve momento, te sinta e te possa tornar parte de mim.
Ana Marques; 10º B