domingo, 28 de setembro de 2008

Solidão

Era um homem velho, sozinho, ao relento nos subúrbios de uma grande cidade. Tinha um aspecto descuidado e sujo. Sem emprego e sem ninguém, vê apenas as horas a passar, esperando por um novo dia.As pessoas passam, olham-no de lado, pois é apenas um pobre vagabundo, à deriva na vida. Protege o possível, tanto o corpo (como demonstra a figura, com a gabardine e o guarda-chuva, por exemplo) como o próprio interior, tentando ser um pouco invisível aos olhos dos outros.Usa um fio, talvez uma espécie de amuleto contra alguma coisa. É talvez daquelas muitas pessoas que precisam de ajuda, mas que a maioria das pessoas deixa de lado, pela chamada “falta de tempo” e por achar que também elas precisam de ajuda. E ali está, mais um homem solitário, à margem da sociedade e tratado como lixo. O que as pessoas que lhe passam ao lado deviam pensar é que não é tão impossível como se pensa chegar àquela situação. Mas passam ao lado e ali deixam uma pessoa com tantos direitos como eles, a ser tratado como se não valesse nada.

Ana Sobral - 10ºC

2 comentários:

Coisas da Vida disse...

Revelas neste "retrato" a tua preocupação perante os abandonados pela vida e mostras a indignação pela sua solidão. Ao mesmo tempo que retratas, revelas uma crítica social, o que enriquece o teu trabalho. Deves continuar atenta e a usar da escrita como processo de intervenção, para uma sociedade melhor!
F. Beja

Coisas da Vida disse...

Gosto do teu "retrato" porque nele te indignas perante a solidão e marginalização a que certas pessoas são votadas. Deves continuar atenta e usar das capacidades de expressão que tens para mostrares sentimentos e realidades!
F. Beja