segunda-feira, 26 de abril de 2010

Escrever a alma!


Agora é o momento de olhar o horizonte e deixares-te levar, embalar pelas imagens, pelos sons... sem preocupações, sem recordações.
Vê, no horizonte, todos os filmes que passam ao teu redor... Sente a brisa a acariciar o teu rosto... A calma! O silêncio! A paz! E os teus lábios esboçam o sorriso que jamais tentaste ver!
Pensa agora em nada! E de repente, sentes tudo! Põe de parte as tristezas...Esconde-as mentalmente debaixo daquela pedra sorridente, pois ela tem o poder de fazer esquecer o que é triste...
Concentra-te no chilrear dos pássaros... deixa que este leve as tuas preocupações para longe!
Por fim, ouve o silêncio!!! E sentirás liberdade porque o som do silêncio deixa que chegues onde quiseres e acredites que é possível...
Agora, escreve... uma carta de amor, manuscrita, sem novas recorreres ao uso das tecnologias!
Já escreveste? Lê!
Não! Não rasgues porque o que escreveste é uma parte de ti! Olha para o horizonte e encaixa cada palavra escrita, numa imagem...
Já está?
Agora, através do silêncio, ouve a tua música preferida... aquela que se encaixa naquilo que escreveste.O resultado: um sorriso e a aprendizagem de que só escrevemos o que sentimos porque é bem mais fácil escrever do que dizer!
Sorri, olha o horizonte e sente-te aconchegada pela brisa, que te dará asas para seguir em frente, sem receios de sentires ou escreveres o que sentes!

Maria Granado; 11º D

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Acreditar!

Era um dia primaveril, cheio de cor e fantasia, cheio de alegria. As papoilas já se viam pelos campos, rompendo de cor a terra verdejante, perto de uma calma aldeia do Alentejo. Perto de minha casa e de óculos colocados pela falta de vista provocada pela doença, conseguia avistar uma rapariga um pouco mais nova do que eu, correndo alegremente por dentro daqueles campos floridos.
Esta é a história de uma rapariga que tudo teve e tudo perdeu, esta é a minha história. Eu, Vanessa, sempre fui popular, toda a gente me dava atenção e eu, superior, ignorava as coisas mais importantes da vida, como um simples abraço, um sorriso, um beijo, ignorava o sentimento verdadeiro. Eu, Vanessa, tinha-me tornado numa pessoa de falsa, sem sentimentos. Não valia a pena ninguém me chamar a atenção para a mera ilusão que era a minha vida… Mais tarde ou mais cedo, algo iria mudar, era o meu destino. Lembrei-me de, na escola, fazer uma partida à miúda mais feia de todo o liceu para a ridicularizar ainda mais por puro prazer. Ao princípio não me arrependia de nada mas e agora? Agora lanço as mãos à minha face e vejo que a ridícula não era aquela miúda, mas sim eu. Eu, Vanessa, era a ridícula! Eu, Vanessa, tinha tudo, pais ricos, amor verdadeiro que nunca aceitei por vir de um “totó”, preferia viver uma mentira com o rapaz mais popular da escola. Porquê? Apenas porque ele era popular, apenas para provocar a inveja das outras miúdas e agradar ao meu ego, à minha vaidadezinha…. O certo é que quando vi aquela rapariga, um pouco mais nova que eu, pensei no que perdi da vida que é tão preciosa! Apaixonei-me por um rapaz normal, não muito popular, era alguém, pensava eu, especial! Deixou-me completamente perdida, apaixonada. Pela primeira vez na minha vida tão fútil apercebi-me que a vida era muito mais do que o dinheiro e a popularidade. Este rapaz mostrou-me amor mas não o verdadeiro. Era, uma espécie de brincadeira maldosa para, desta vez, ser eu a humilhada. Sofri muito.
Agora estou numa cadeira de rodas. Sou paraplégica. Um acidente de carro mudou completamente a minha vida e quando olhei para aquela rapariga a correr por aquele campo florido, senti falta de viver, senti falta de ser livre. Percebi que nunca tinha dado valor a nada nem a ninguém. Eu, Vanessa, que conto agora a minha história de vida, quero que aprendam com ela, quero que não cometam os mesmos erros que eu cometi no passado e dos quais agora me arrependo e muito. Acreditem na bondade, na verdade, no amor, na beleza, na paz porque acreditar, acreditar é viver.
Catarina Sabino; 11º D

Agora

Estou aqui, sentada, a tentar dar asas à imaginação. Mas na verdade, não consigo! Tenho coisas a mais na minha cabeça, coisas essas, que não me deixam concentrar e pensar em algo mais que um desabafo.
Esta altura da vida, considerada a mais crítica, é sem duvida aquilo a que chamam a idade da definição, da procura, mas acima de tudo, a idade dos “problemas”.
Sinto essa fase a passar por mim neste momento. Tento definir o que sou, o que quero, o que procuro, o que sonho, o que desejo, mas a minha cabeça pensa para além de tudo isso. Pensa no que mudou, no que passou. Vivo do passado, é certo, das memórias que tenho do que passou, do que aconteceu e não volta mais… Vivo agarrada ao passado e isso entristece-me. Esta fase, que devia ser a melhor, como todos os outros dizem, está a ser uma das piores. Agora que vou descobrindo o mundo, que vou vendo as coisas com menos ingenuidade, penso que a melhor fase que tive foi mesmo a que quando era ingénua, uma criança, e o mundo parecia perfeito. Sinto falta. Sinto falta do que passou, daquilo que fui e que não voltarei a ser.
Agora, o mais pequeno problema torna-se em algo gigante. Tal como uma avalanche, começa por pouco e termina numa gigante queda de neve. É assim que sinto tudo o que passo, é assim que sinto a adolescência. Pode parecer absurdo, pois todos desejam passar por esta altura da vida, e até eu, há uns aninhos atrás, era o que mais desejava. Mas e agora? Agora que estou a passá-la, agora que estou a senti-la, só desejo que passe e que passe o mais rápido possível. Apetece-me fechar os olhos e pensar que, quando os voltar a abrir, sou totalmente feliz, como fui… no passado!
A verdade é que na adolescência, tomamos decisões, crescemos, mudamos e perdemos… perdemos parte do que fomos, parte do que tivemos e, por vezes, essa perda pode ser momentânea e pode ser tão insignificante que a podermos voltar a recuperar, mas e quando essa perda é verdadeiramente importante? Quando essa perda, que considerávamos parte de nós, se perde para sempre e cria um vazio enorme? Então, vou buscar o passado, vivo daquilo que tenho na memória antes de a perder. Vivo dessa recordação….
Agora… Olho para as mãos. Olho para o passado. Pisco os olhos e cai me uma lágrima, cai-me uma lágrima, que ainda tem um pouco do antes e do agora. Isso cria em mim uma tristeza profunda. Uma tristeza por dentro e por fora. Uma tristeza que não deveria sentir nesta altura da vida. Olho para o chão, olho para o tecto… desejo voltar atrás, desejo voltar ao passado, desejo que tudo seja como antes… PERFEITO!

Mariana Carvalho; 11º

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Agora


Perdida nos tempos de agora
À procura da hora,
Certa para poder voar
Perdida completamente e à nora…
Sentimento que me mente na questão do ‘amar’.
Amar? É o Agora
Sentimento que não evapora
Perdida no meio de corações
Que nos deixam a divagar,
Nesta nau de relações,
Que por mais que meta água
Não nos deixa naufragar.

Tempo! Dá-me tempo para aproveitar
O que o agora tens para me dar.

Beatriz Lourenço;11º C

Abandonada

Hoje apetece-me escrever-te. Sinto-me cansada e sem forças para nada. O meu coração já não suporta mais nada vindo de ti. Está repleto de mágoa e de solidão, e tudo graças a ti. Estou cansada de te querer e não te ter. Estou cansada de tentar e de não conseguir. Estou cansada. Já não consigo sequer disfarçar que está tudo bem, porque não está, e sinto que não vai voltar a estar.Mas sabes, por incrível que pareça, por magoada que esteja contigo, sinto saudades tuas. Sinto falta da tua presença, do teu cuidado comigo, das tuas palavras, da nossa cumplicidade, daquela telepatia que tanto nos fazia rir, do teu abraço reconfortante. Sinto saudades de tudo, de tudo o que fomos e do que queríamos ser, de todo o amor que demos um ao outro sem nada pedir em troca. Mas as coisas mudam, as pessoas mudam, os sentimentos mudam. Quando é para melhor…. Mas não foi este o nosso caso, o teu caso. E tudo muda quando menos esperamos. Mudaste, e contigo mudaste todo o sentimento que sentias por mim. E mudaste-me também, se queres que te diga. Tornei-me mais crescida. Tornaste-me mais crescida. Contigo aprendi que tudo, na vida, é incerto e que nada é um dado adquirido. Cansei-me. Caí. Levantei-me e voltei a cair. Agora, não me levanto mais. Não quero. Estou farta. Acabou, de vez. E por hoje chega, vou dormir. Tem uma boa noite, meu amor.  


Rita Mendonça; 11ºC

O Medo

Estava escuro, somente a luz saída da velha televisão iluminava a sala fria. Vidrada no ecrã resplandecente, atirou a mão à taça que tinha entre as pálidas pernas e tirou um amendoim que viria a trincar com força. Nesse mesmo instante, pelo canto do olho, viu um vulto passar abruptamente no corredor. Sobressaltada, agarrou com força a manta turquesa e escondeu-se debaixo dela. Respirava ofegantemente, sentia o coração a sair-lhe pela boca, as mãos tremiam. Sussurrava, como se tivesse medo que o vulto a ouvisse, “Tem calma, relaxa, não foi nada”. Ganhou coragem e destapou-se. De peito para fora, acendeu uma vela que, com a sua grande e flamejante chama, iluminava toda a gélida sala. Percorreu todo o espaço, de pé descalço, olhos frenéticos e corpo rígido. Desejava encontrar os móveis da casa e as suas paredes, nada mais. Já não ouvia o som da televisão, ouvia apenas o bater do coração que batia o compasso da assustadora e barulhenta melodia que a seguia. Sentiu uma aragem que lhe fez arrepiar e levantar os finos pêlos dos braços. Receou olhar para trás, mas fê-lo, convicta de que não iria ver nada para além do espelho pendurado na parede tingida de vermelho e o seu reflexo no vidro. O seu reflexo lá estava, tal como o reflexo da pequena chama da vela, mas algo estava diferente. Ela sentia as suas mãos a tremer, mas o seu reflexo permanecia imóvel. Os olhos que ela via reflectidos eram integralmente negros e admiravam-na friamente. Assustada e vacilante, perguntou “Quem és tu?! O que queres de mim?!”. O reflexo dos seus olhos continuavam a admirá-la friamente e da sua própria boca saíram as palavras “Se receias o teu próprio reflexo, como é que consegues encarar os demónios dos outros que te rodeiam?”. Sentiu uma lágrima a escorrer do seu olho esquerdo e jogou a mão para limpá-la. Olhou para a mão e viu que o líquido era vermelho. Soltou um grito do fundo do peito que a ensurdeceu.
Ao cair de joelhos no chão, abriu os olhos e viu a luz da velha televisão, que a ofuscou. A taça de amendoins continuava entre as pálidas pernas e o amendoim que tinha tirado permanecia intacto entre os dedos da mão, à espera de ser trincado.

Beatriz Madeira; 11º C

sábado, 17 de abril de 2010

Dói...

Dói. É uma dor que ninguém consegue explicar. Dói perder alguém, dói amar alguém que, de um momento para o outro, desaparece da nossa vida. É um vazio que acaba por nunca mais voltar a encher, é uma vida que nunca mais volta aser a mesma. Quando a via sorrir, apesar de tudo, percebia que ela era uma menina feliz, uma menina que apesardas suas limitações, tinha sonhos e tinha uma vida pela frente para os concretizar!
Era muito jovem, os seus vinte e três anos denunciavam o longo caminho que ela ainda havia de percorrer. Naqueles dias em que o tempo não dava alternativa a não ser ficar em casa por causa da chuva, ela deliciava-se com um bom livro ou uma boa música e ali ficava. Nem se importava com o barulho do secador de cabelo, que vinha do cabeleireiro da sua irmã que era ao ladoda cozinha.
No Verão, naquelas noites quentes em que parece que se sufoca dentro de casa, ela saía com os seus pais. Eles eram capazes de tudo por ela. Notava-se pelo olhar deles que ela era a luz dos seus olhos, tal como a sua irmã. Mas naquela noite, chuvosa e desagradável, os sorrisos e o brilho nos olhos desapareceram e deram lugar à dor e ao sofrimento. Ela partiu e ninguém estava à espera. Ninguém a podia deixar ir embora sem conhecer "o nosso João", como a irmã lhe dizia, não a podiam deixar partir sem conhecer o sobrinho, o sobrinho que fora a maior alegria dela nos últimos tempos. A irmã não podia deixar que o seu filho não conhecesse a tia, o seu filho que irianascer na semana seguinte! A dor pairava sobre todos os habitantes da aldeia e as lágrimas não escondiam a admiração que todos tinham por aquela menina. Uma menina que tinha uma força de viver enorme, mas que naquele dia fora atraiçoada pelo destino. O destino quis que o seu coração parasse. Essa menina era a Sílvia, uma menina que era uma grande mulher! Mulher essa, que eu nunca esquecerei!

Patrícia Santos;11ºC

Estilhaços

Abro janelas que estilhaçam o espírito. Obrigam-me a correr com o gato vizinho, a doença consome o que lhe resta da memória. No vasto céu, estala a guerra armada de cores; o meu corpo treme nostálgico contra as suas formas afiadas. Não é seguro aqui, um ser cai e logo a terra desvairada engole outro. Oiço repetida esta realidade paralela. Voo para longe dos enganos do mundo, mas a criatura cega troca as asas pela clausura, outra vida ignóbil. Jaz ali com os seus olhos de vidro. Bem-vindos à insipiência. Humanidade artificial, de rosto deformado; entorpecidos por quimeras, eles rejeitam o que são por ti. Humanidade fraudulenta compositora de vícios, caçam almas errantes e anseiam pela minha. O elemento puro aguarda-me num recanto onde a sordidez não mancha. Mergulho no aroma a transparência, escorre-me pelos dedos a maresia e incessantemente admiro o reflexo na água. O espelho parte-se e os monstros adormecem.

Sara Batista; 11ºD

Sonho Desfeito

Os olhos pesam-me. Bocejo uma vez e, com o cotovelo apoiado na secretária, descanso a cabeça na mão. Bocejo novamente. Fecho os olhos por instantes tentando, porém, não entrar no maravilhoso mundo de cores para o qual vou sendo, pouco a pouco, arrastada.
“Resiste, estás a ouvir?”, diz uma vozinha distante, mas persistente, vinda de parte incerta da minha mente.
É escusado. Os gritinhos tornam-se simples sussurros, à medida que, à minha volta tudo, fica escuro. Mil e uma imagens passam-me à frente à velocidade da luz, ao ponto de não conseguir distinguir um lugar, uma pessoa… De repente, encontro-me no centro de um tornado de ideias, sensações, imagens, canções, vida! Tudo gira à minha volta, tão real e intenso… Sinto-me tonta, perco a orientação. Os sons multiplicam-se. As cores, cada vez mais garridas, parecem prontas a devorar-me. E quando sinto que o fim se aproxima, oiço algo; um grito, uma voz, não aquela vozinha que ouvi antes, mas uma voz grave e intensa que se sobrepõe a todo aquele ruído. Uma única frase é tudo o que diz. Repete-a uma, outra e outra vez, num ritmo rigoroso e melódico, quase numa lenga-lenga. Aquela frase. A frase que sempre desejei ouvir. A frase que mais me assusta ouvir. Saboreio cada palavra, cada sílaba e a alegria e o receio tomam partes iguais na minha alma.
O tornado cessa, agora, o movimento giratório, as imagens desvanecem-se, os sons extinguem-se. A voz perdura.
Respiro fundo e, de repente o receio desaparece. Sinto-me apenas feliz. Olho em volta. Encontro-me num longo corredor de gelo e prata. Começo a percorrê-lo. Parece infinito. Corro, então. Desejo saber onde me levará. Corro, corro sem me cançar e quando, à beira de perder a esperança de chegar a algum lugar, abrando o ritmo, avisto-o.
A poucos metros, diante de mim, ele encontra-se de pé, atrás de um portão de cristal e diamantes. Sorri-me docemente, como apenas ele o sabe fazer. Aproximo-me lentamente. O portão desvanece-se, sabendo da minha intenção. Olho para ele, que continua a sorrir, irradiando uma luz reconfortante, dentro daquele fato branco que o torna ainda mais formoso. Olha-me profundamente e estende-me a sua mão. Com os olhos húmidos, estendo-lhe a minha. Os nossos dedos tocam-se por breves instantes, consigo sentir o calor da sua pele. O tempo pára. Olho-o apaixonadamente nos olhos, desejando que este momento seja eterno. Mas lágrimas ardentes correm-me pelo rosto à medida que o vejo desaparecer gradualmente. Tento desesperadamente abraçá-lo, agarrá-lo… Em vão. Consigo ainda ver um último vestígio do seu sorriso, antes de a sua imagem se desvanecer por completo.
A minha boca abre-se soltando um grito mudo. Com as pernas a tremer, deixo-me cair de joelhos enquanto choro amargamente. Relembro os seus olhos doces e o seu sorriso terno emoldurado pela barba ainda por fazer e o meu coração chora comigo.
À minha volta, a escuridão predomina, sinto-me distante, como se de alguma forma, já não estivesse ali. Sinto, agora, a cabeça muito leve. Mexo-me um pouco. Abro os olhos a custo e esfrego-os de modo a dissolver a névoa. Bocejo. Agarro no lápis, pousado sobe uma folha de papel, e escrevo…



Margarida Andrade; 11ºD

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Roer... roer!

Eu? Neste preciso momento? Queres mesmo saber?
Estou na cama. Roo as unhas da mão direita e estou numa posição bem confortável de cabeça para baixo enquanto sinto o coração bater intensamente e rápido e isso faz-me sentir viva. A minha respiração é veloz. Penso em mim, em ti, no cão, no burro… em tudo; e enquanto sorrio, sou invadida por uma instabilidade imensa e um vazio ainda maior, enquanto que, ao mesmo tempo, uma paz paira sobre a minha aura.
O passado persegue-me e o tempo passa sem me dar um momento para respirar. Frases soltam e vazias invadem-me cruelmente o pensamento sem me permitir pensar no que quer que seja sem ser naquele dia, naquele terrível dia. Porquê? Porque não me deixas seguir em frente?
Sim, não tem lógica não tem nexo, mas eu sinto, eu tenho sentimentos, sentimentos dos quais não me posso descuidar. Estas saudades matam-me; e cada vez que paro, que deixo as mãos quietas, sou invadida por este misto de boas recordações que me fazem odiar-me sempre que penso que deixei fugir, que deixei fugir aquele passado maravilhoso, vivido contigo.
Ao mesmo tempo é bom. Inunda-me uma paz ver-te, ter-te aqui ao meu lado, mesmo que seja por breves segundos, breves momentos. Poder tocar-te é tudo!
Será que vai voltar a acontecer? Sim! Diz-me que sim, por favor!
Oh… pelo menos eu espero que sim, e mesmo que cá não estejas eu sei onde te encontrar. Basta-me fazer o pino, sentir o meu ritmo cardíaco acelerar e sei que estás bem aqui ao meu lado para me confortar. És passado sempre presente. Não te esqueço. Não consigo. Nem aqui a roer as unhas até aos cotovelos!

Débora Paulino; 11ºD

Amo Alvalade!

Orgulho-me de viver aqui! Adoro viver nesta vila pequena e calma de Alvalade que tem tão pouca coisa para se fazer. Às vezes, quando tenho tempo livre ou quando quero sair, fico muito chateada por não haver nenhum sítio onde possa ir e onde goste de ir… Depois, só me apetece dizer que queria viver noutro sítio, num sítio onde houvesse coisas mais divertidas e interessantes para se ver e fazer. Até parece que não gosto disto aqui. Mas isso é mentira. Agora, com dezassete anos, finalmente, percebi que esta vila tem um lado positivo, como tudo o resto.
Foi nesta cidade que eu cresci e aprendi, e foi esta vila que me deu tudo o que uma cidade grande não me pode dar. É verdade que é um meio pequeno, que todos se criticam uns aos outros, que toda a gente sabe o que fazemos, o que vestimos naquela dia ou simplesmente que arranjámos o cabelo. É ridículo, é verdade, mas por vezes, torna-se engraçado. É tão bom chegar a um café e perguntar “Então, vizinha, está boa?” e sentir um à vontade tão grande… E isto só nestes meios pequenos é que se pode sentir.
Lembro-me que, um dia, eu estava na rua com a minha irmã e vimos duas vizinhas paradas ao virar da esquina, com os seus sacos de compras e a palete de leite no chão a conversar. Fartámo-nos de rir e a minha irmã disse “Só em Alvalade é que isto acontece”. Sempre que me perguntam onde moro e eu respondo “Alvalade.” gozam comigo. Agora, com o passar do tempo, aprendi que as outras pessoas que vivem em cidades nunca irão ter a experiência que eu tive, por isso agora sempre que gozam eu respondo “Nunca irás ter a experiência que eu tive” e respondem-me “É verdade”.
Eu? Eu amo Alvalade, a minha terra!

Ana Martins; 11º C

Feira das Vaidades

Há algumas semanas, estava eu a dar uma vista de olhos pelos vários canais televisivos, deparei-me com algo que me prendeu imediatamente a atenção, mas não pela positiva. Um grupo de meninas, entre os quatro e os doze anos, concorriam pelo título de “Pequena Miss do estado de Ohio” (o programa em questão é americano… Que surpresa…!).
Assim dito, não parece haver grande problema. Ora acontece que as meninas em questão, extremamente “embonecadas” e com um ar artificial, apresentavam uma vaidade, um comportamento materialista a fútil e até um desprezo bem visível umas pelas outras. Era uma aberração, algo fora do normal nas suas idades. Mas o que mais me impressionou, foi o facto de os seus progenitores, mulheres na maioria, as incitarem a tal, sendo os principais responsáveis por estes comportamentos, mostrando, mesmo, desilusão se as suas concorrentes não fossem brindadas com uma vitória.
Infelizmente, cada vez mais, a nossa sociedade vive de aparências, onde apenas a beleza e os bens materiais importam. Como se diz, as crianças são o futuro e, como tal, deveriam receber os valores morais correctos, que assentam, basicamente, na integridade, no esforço, no trabalho e no conhecimento!
Estamos a tornar-nos num reflexo do materialismo da nossa sociedade de consumo, tendo atingido um ponto sem retorno.

Margarida Andrade; 11º D

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sonho...

Estou a ficar com sono, vou para a cama. Boa noite mãe, beijinho pai, até amanhã.
Hum, o meu quarto está mal iluminado, vou pedir à minha mãe para comprar lâmpadas mais fortes. Ah, pois é, senão vou ficar traumatizada, ver o Mundo escuro, pois, vou crescer com traumas, medo do escuro… do desconhecido…do incerto…
Estou mesmo a ficar louca…Não, não, ainda um dia hei-de ser Psicóloga…Ah, Ah! A minha boca não pára de bocejar, tenho mesmo que ir dormir!

“…Que sempre que um Homem sonha
o Mundo pula e avança
como uma bola colorida
entre as mãos de uma criança.”

Cheguei aqui, agora, sou muito feliz, estou a rir, a rir do quê? Pois sou tão fofinha, tão pequenina, tantos beijinhos, mamã, papá, carinhos! “Porta-te bem senão levas tau – tau…”
Mas que chato o tempo aqui avança tão rápido! Agora, estou muito penteadinha, de fato novo, mochila às costas, livros, cadernos! Adivinhem? Vou para a escola primária! Que bom!
- Porta -te bem na escola, não faças asneiras ouviste?...
Não estou a acreditar, já tenho dezasseis anos. “Porta -te bem não faças asneiras das quais te venhas a arrepender?” Neste Mundo, ninguém me diz isto! Vou ficar a dormir, faltar às aulas, sair à noite com os meus amigos até tarde, dançar, beber o primeiro copo, imaginem até já tenho namorado! Vou fazer dieta, ou melhor, vou evitar comer para não vir a engordar, mas, aqui tenho outro nome, chamo-me Adolescência.
-Mas quem me vai ouvir? Quem me vai aconselhar? …Melhor seria dizer o que fazer?...
Quero carinho…quero amor…quero ouvir outra vez “Porta-te bem…”
- Mãe, mãe vem para o pé de mim… e a porta do quarto abriu-se…
Ana Cristina Trindade;11ºD

Viagem

Neste momento, estou sentada de pernas para o ar, com os braços debaixo de cabeça, os meus cabelos loiros e volumosos delineiam as formas do meu corpo; os meus olhos esverdeados estão bem abertos, fixados somente num quadro mágico.
Não sei se ria, se chore, se grite ou se guarde todos os pensamentos para mim. Sinto-me vazia, à deriva, neste mundo cruel, nesta realidade monótona, onde as pessoas se “atropelam” com maldades.
De repente, tudo mudou… A minha alma deixou-se levar pela magia do tal quadro.
É como se estivesse a entrar num sonho… cor-de-rosa… sem problemas… um mundo só meu… sem intrigas…
Uma imensidão de verdura rodeia todo o bosque, os pássaros tropicais chilreiam aos meus ouvidos como se me quisessem transmitir uma mensagem, talvez de boas vindas, não sei…
Neste sítio tudo parece perfeito! Não me sinto angustiada, desesperada, sem saber o que fazer. Estou alegre, vivida, espontânea, oiço a água das cascatas a bater fortemente nas pedras, os insectos atarefados dum lado para o outro a trabalhar… Aqui, tudo é maravilhoso, toda a comunidade é amiga uma da outra.
Sinto-me tão bem neste sitio… não quero sair… quero ficar aqui para sempre!
Mas, não durou muito todo aquele meu sonhar acordada em redor de um simples quadro… Não passou de um sonho… Que pena!

Ana Cristina Trindade; 11ºD

segunda-feira, 12 de abril de 2010

História Acabada

A história acabou e eles não ficaram juntos…
“Vocês com essa amizade ainda vão acabar por namorar, escrevam isto”, diziam eles. Eles (os amigos) continuam os mesmos, nós não... Era uma vez um rapaz e uma rapariga, usavam os mesmos ténis, ouviam a mesma música, gostavam das mesmas coisas; ele era o mundo dela, ela era o mundo dele. Se possível, passavam juntos 24h sobre 24h juntos, falavam de tudo, riam com tudo, gostavam de tudo, eram apenas duas crianças que não conheciam o mundo nem o queriam conhecer. Não precisavam, já tinham o deles. Cresceram, continuavam os mesmos, saiam com os mesmos amigos e, mesmo assim, continuavam os mesmos. Aquilo sim é que era amizade, eram como unha e carne!
Um dia, a Nela como o melhor amigo a chamava, corre para casa dele com toda a energia que podia, já era tarde, quase horas de jantar, mas ela tinha uma notícia urgente que se não lhe dissesse morria naquele momento. Oiço a campainha, a minha mãe já de avental e atrapalhada com o jantar para o idiota do meu pai comer, pediu-me para ir abrir a porta. Como era para mim, fui a correr com tanta energia como ela correu para minha casa:
- ELE PEDIU-ME EM NAMORO! – disse ela histérica, mas ao mesmo tempo, discreta para ninguém ouvir.
- Não acredito! Sempre é aquele rapaz lá da escola, aquele muito alto que até tem um pé maior que o outro? – Perguntei eu, em tom de brincadeira para ela ver que eu levava tudo numa ‘boa’.
- Não gozes com ele, sim é! Gosto tanto dele, não imaginas, mas gosto mais de ti claro!
Parece bonito não parece? Claro que parece, é obvio que parece, também ao melhor amigo da Nela parecia, ele estava feliz por ela, enquanto que, ela deixava acumular pó no número de telefone do seu (antigo) mais-que-tudo, as conversas diárias começaram a desaparecer, deixaram de usar os mesmos ténis e de ouvir a mesma música. Agora, ele continua a sair com os que diziam que ia dar em namoro, ela não. Ele ficou despedaçado, não conseguia pensar sequer que o seu mundo lhe tinha deixado de falar. Crescemos, tudo mudou, agora só há rancor, sarcasmo, as conversas resumem-se a ironias pegadas e nada vai voltar a ser o que era. Porquê? “Ele ou eu” disse o namorado para a confrontar, e acha que ela ligou a amizades? Claro que não, ela pensava que o namoro era para a vida, mas não foi, nem os amigos foram. Agora, quando o namorado está entretido com outras, ela senta-se sozinha, bebe café sozinha, fuma sozinha, diz mal de todos (com o namorado), porque os amigos não conseguiram suportar a escolha dela. Era um conto de fadas não era? Pois era, mas isso é tudo uma estupidez, já não há amigos verdadeiros como havia, amigos que duram esta vida e a próxima. Não vale a pena acreditar em ‘adoro-te’, ‘és a minha vida’, ‘vamos ser amigos para sempre’, simplesmente isso não existe, é uma ilusão… Já como dizia o Bob Marley: “Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas, o tempo passa e descobrimos que GRANDES mesmo eram os sonhos, e as pessoas PEQUENAS demais para torná-los reais” Por isso, a melhor frase com que consigo descrever toda esta vida é que a história acabou e eles não ficaram juntos…

Manuel Mascarenhas; 11ºD

Saudade de Viver!

Conversam duas mulheres já de certa idade, sentadas num banco de jardim, desabafam o que sentem, entristecem-se com a tristeza uma da outra e, no meio de tanta tristeza, conseguem encontrar a alegria. Amália já tinha sessenta e oito anos, a idade levara-lhe toda a sua juventude e deixara-lhe, na cara e nas mãos, as marcas de uma vida complicada e cheia de trabalho. Conceição celebrara uma semana antes os setenta anos, o seu aspecto não escondia a idade que tinha, como se em cada ruga se contassem os anos e se lessem as dificuldades por que passou na vida. Continuaram ali, no banco de jardim, mesmo no centro da Quinta dos Chafariz, em Santiago do Cacém.
Amália: Como é triste olhar para mim e ver que toda a vida já me passou ao lado…
Conceição: Não digas isso, mulher, se a vida já te passou toda ao lado, então o que sou eu? Apenas uma memória?
Amália: Nem isso… Somos memória até se esquecerem de nós…
Conceição: Desde a morte do Manel que já ninguém se lembra que existo, só nos temos uma à outra…
Amália: E assim morreremos mulher, e assim morreremos…
Conceição: Já nem a morte se lembra que existo!
Amália: Essa nunca se esquece, quando menos esperarmos ela atacará!
Conceição: Esqueceu sim… Se não se tivesse esquecido já tinha vindo buscar-me… Que faço eu aqui? Uma velha que já não presta para nada… Já não tenho mãos para trabalhar, já não tenho forças para correr nem saltar, não tenho cara para encantar, e desde que o Manel se foi, já não tenho coração para amar…
Amália: Credo mulher! Não me diga que queria voltar a amar com esta idade!
Conceição: Nem que fosse amar a vida, mas já nem essa eu amo… Já não sei amar…
Amália: A minha mãe sempre me disse que enquanto amarmos, teremos a certeza de que estamos vivos, mexe o coração e, assim, temos a certeza que não somos corpos mortos…
Conceição: Ainda bem que mo dizes mulher, se não amo não existo, não é verdade?
Amália: Segundo a minha mãezinha que Deus tem, sim!
Conceição: Então parece que a morte não se esqueceu de mim…
E ali ficaram a tentarem perceber o porquê de ainda não terem partido para o outro mundo…

João Pedro Rocha; 11ºD

Amigo


Neste exacto momento, estou na escuridão do meu quarto, deitada sobre a minha cama fria, a minha respiração está demasiada calma, quase parada como se estivesse a morrer lentamente, e tudo o que sinto é nada. E nada é o que eu sou, realmente. Sinto-me intacta, não consigo mover-me, não consigo sair daqui, porque foi aqui que sempre esperei por ele. Sinto falta do meu bom velho amigo, ele foi embora tão silenciosamente e apenas me pergunto se isto é o fim. Já não tenho vontade de sair e ver o mundo lá fora, pois o mundo, lá fora, está-me a mudar, está-me a fazer esquecer tudo de bom que eu tinha. E isso significa que o meu pior inimigo está mais perto de mim. Significa que esse meu inimigo é o meu melhor amigo agora. A solidão é algo que está sempre presente, mesmo a meu lado. Ela está sempre colada a mim. Tal como o meu bom velho amigo costumava estar.
Só me resta o silêncio que me acalma e as memórias que nunca se vão apagar, porque as pessoas só morrem a partir do momento em que nos esquecemos delas.
Alexandra Castro; 11º D

Repensar a vida...


Corremos para aqui, corremos para ali. Sim, todos nós levamos uma vida agitada sem, muitas vezes, nos apercebermos disso. Paramos para pensar no que temos para fazer e naquilo que não chegámos a fazer. Mas são poucos os que se preocupam em apreciar cada momento, por mais simples que este seja. A Humanidade evoluiu e o Ser Humano também, só que esqueceu-se do que realmente importa, de viver uma vida sua, e não de correr de braços abertos para o seio da sociedade. É evidente que não nos podemos separar do mundo que nos rodeia, mas também me parece que não custa nada reflectir e repensar aquilo que andamos a fazer.
Quem já não quis descansar? Já todos desejámos férias e descanso… Mas quantos se preocuparam em sentar-se no jardim e apreciar o mundo? É até assustador ver o vaivém de que fazemos parte. Eu já pensei na fome, na sede, na vontade e no desejo! O problema é que, no meio de tudo isto, quase me esqueço de respirar, quase ponho de lado a vida para agarrar um remoinho que me envolve.
É costume ouvirem-se notícias de suicídios e de doenças mentais e há que procurar resposta para o problema. Eu penso que seja a falta de vontade de viver e de agarrar o que há de bom… Já ninguém liga à pureza de uma flor, à força de uma corrente marítima! Ver um rio correr para o mar, ver um filho correr para a mãe, valores que se perderam e que faziam parte dos bons costumes do Homem.
Sugiro que cada um repense a sua situação e que pare para fazer uma retrospectiva, mais que não seja porque sim! Sem nenhuma razão em especial! As respostas podem revelar-se surpreendentes. É no meio do vago e do vazio que se encontra a mais bela das realidades

Francisco Almeida; 11ºC

domingo, 11 de abril de 2010

Animação e Diversão!


Há coisas na nossa vida que nunca devem ser esquecidas, para que, quando formos mais velhos, termos recordações do nosso passado, para nos podermos lembrar de como era a nossa vida há uns tempos atrás. E aí começam a surgir saudades dos nossos tempos de crianças, quando vivíamos sem preocupações; quando tudo o que nós fazíamos era brincar, estar com os amigos, fazer “malandrices”. É sempre bom recordarmos estes tempos, e mesmo que nós achemos que não temos idade para voltar atrás, é sempre agradável reviver o “passado”.
Agora, começam a aparecer, na nossa vida, as preocupações, os problemas e, embora passemos a ter mais responsabilidades, é sempre importante trazer um pouco de diversão para nos consolarmos.
Visto que a vida é injusta, é necessário aproveitarmos todos os momentos para nos divertirmos, estar com os amigos, com a família e deixar de pensar tanto nos problemas que nós temos e que, na verdade, em parte são tão insignificantes se comparados com o de outras pessoas por esse mundo fora!
A idade não nos pode impedir de fazer seja o que for. Assim, a diversão tem que estar sempre presente na nossa vida, porque sem ela, não “há” alegria e, se assim for, corremos o risco de ficarmos sozinhos nesta curta vidinha. Quando falo em diversão, falo em estar o máximo de tempo possível com as pessoas que nós mais amamos.
Eu quero é dizer que não é preciso ser-se criança para viver na diversão! Se quisermos, vamos ter sempre idade e tempo para nos divertirmos. E para trabalhar! E para compreendermos os outros e a nós próprios. E tempo para ler e estudar. E tempo para amar e ser românticos. E tempo para sorrir e ser felizes!
Por isso, eu peço que levem a vida na brincadeira, desde que não abusem…. Divirtam-se enquanto podem!

Diogo Dias; 11ºC

O Rapaz

Ela queria tanta coisa… Sempre tinha sido assim. Ela queria conhecer os limites, para os ultrapassar. Queria aprender as regras, para as poder quebrar. Queria saber o que era certo, para ter a possibilidade de fazer o que era errado. Ao mesmo tempo, o desconhecido era o seu maior fascínio. Tinha sonhos, muitos sonhos. Uns mais possíveis, outros menos. Uns mais loucos, outros mais sãos. Uns antigos, outros muito recentes. Pretendia correr o mundo e guardar um pedaço de cada lugar. Fixava o céu como ninguém. Não gostava de olhar as coisas, preferia observá-las. Tinha o brilho, a vida, a energia e a força.
Depois apareceste tu, meu rapaz. Quer dizer, foste aparecendo! Aos poucos, devagarinho. À medida que tu aparecias, ela transformava-se. Começou a deixar de lado os sonhos mais loucos, deixou de sonhar tanto. Agora, já não tinha tempo para tal. A vida dela começava a girar em torno de outra coisa que não a imaginação. O brilho dela ia aumentando e ganhando outros traços. Tu foste marcando a tua posição, foste criando nela recordações. Ela era jovem, diziam que ela ainda não sabia nada da vida e que não tinha juízo. Sabes o que é que ela achava? Ela achava que devia estar contigo. Ela acreditava que, se tinhas entrado na vida dela, depois de ela te conhecer e te ver há algum tempo, alguma razão existia.
Foram-se conhecendo, tu foste-lhe agradando mais e mais, ela foi-se afeiçoando a ti. A certa altura, ela apercebeu-se de que não era “a tua miúda”. Apercebeu-se de que havia outra, uma qualquer que lhe tinha roubado quem ela julgava pertencer-lhe. Tinham-te tirado dela. E foi exactamente aí, nesse preciso momento, que ela perdeu a força, o brilho, a vida e tudo o que ela era. Podia jurar que tinha sentido o coração apertado a separar-se do resto do corpo, que tinha morrido por uma fracção de segundo e voltado à vida com um espírito que não era o dela. Sentia-se a desmoronar por dentro, ficava ainda pior quando fazia uma retrospectiva e via o que era “antes de ti”.
Mas ela nunca deixou que te apercebesses disso. Sempre manteve a aparência forte; travava lutas internas para tentar manter tudo como era antes, como era no início. Sofria ao ver que estavas com outra; pior, ao ver que estavas feliz com outra! Sentia-se pequenina, tal como uma formiga, quando tu lhe falavas na outra, quando lhe davas a entender as coisas que ela mais temia ouvir. Logo a seguir, lembrava-la do quanto gostavas dela e do quanto ela era importante para ti. Quando se despediam e viravam costas um ao outro, ela cerrava os punhos e amaldiçoava-te falsamente. A seguir, chorava, lamentava-se, perguntava a si própria o que tinha de errado ou o que tinha feito mal, em que é que tinha falhado durante aqueles meses.
Quando se cansou de sofrer, não encontrou nenhuma solução, excepto afastar-se radicalmente de ti, de modo a pôr fim à vossa relação. Eu sei que tu nunca entendeste o porquê de ela te ter passado a tratar como se fosses um desconhecido. Mas ela não era capaz de to dizer. Como é que ela te podia dizer que quem devia estar contigo era ela e que a fazias sofrer ao estar com outra? Simplesmente, não podia. Não era justo para ti. Tinhas os teus sentimentos, tinhas feito a tua escolha. Ela fazia parte da tua vida, mas não como queria. Foi por isso que ela se afastou. Mas custou-lhe, e muito. Aquela mudança sempre foi pior para ela do que para ti. Mas com o tempo, a ferida dela foi sarando e ela foi ultrapassando o facto de ter saído da tua vida. Voltou a ter os seus sonhos, voltou a ter o brilho e a vida!... Mas as coisas já não eram como dantes.
Lembraste dela? Conheces esta história? Sabes, rapaz, esta rapariga de que eu te falei, dizias que era muito importante para ti. Tu considerava-la… a tua melhor amiga.


Ana Lúcia Sobral; 11ºC

sábado, 10 de abril de 2010

As aparências é que contam!

Ainda há uns tempos, houve uma grande festa para comemorar a inauguração do novo pavilhão de uma escola do interior do nosso país. A festa tomou tal dimensão que foi convidada a Ministra da Educação para fazer parte do evento e, claro, onde vai a Ministra, vão os meios de comunicação social. O local escolhido para as comemorações foi a entrada principal do estabelecimento de ensino e o pequeno jardim situado em frente do mesmo. O local estava apinhado de gente, mas da multidão destacava-se um pequeno rapazinho, de aparência calma e olhos brilhantes, a directora da escola, mulher de ar poderoso, e uma professora que aparentava ter uma simpatia extrema.
Como todos sabemos, os meios de comunicação social têm o poder de distorcer os factos de maneira a transmitirem apenas as notícias que lhes agradam ou que são esperadas.
Fizeram, então, daquela festa um grande acontecimento e mostraram uma escola diferente daquela que realmente existe. Os alunos estavam todos muito organizados, quase todos “bem vestidos” e a escola tinha sido limpa, de propósito, para aquele dia. Tudo isto para passar uma boa impressão às pessoas que vissem a reportagem durante o jantar. E assim foi… A maior parte dos pais chegou a pensar “quem me dera que o meu filho estudasse lá!”.
Passaram-se dois dias depois da festa. O pátio da escola ainda continha vestígios da tal festa e os alunos estavam vestidos como bem queriam. O que os pais que estavam em casa a ver a repetição da reportagem não sabiam era que o menino que aparentava ser calmo tinha agredido a professora simpática com uma cadeira porque não concordava com a nota que tinha tido… E tudo o que a Directora fez foi dar-lhe um raspanete.
Nos dias que correm o que importa são mesmo as aparências. Desde que os outros pensem bem do que fazemos ou de quem somos, o resto não interessa.
Pessoalmente, não me consigo reger por estas “regras” da sociedade. Penso sempre que, primeiro estão os meus sentimentos acerca de mim própria e, depois, está o que os outros pensam. Está na altura de deixarmos de dar importância aos outros e preocuparmo-nos connosco mesmos.

Ana Laura – 11ºC

Ama-me mais!

É sempre pouco. Tudo o que faço é sempre pouco para ti. São raras as vezes em que mostras algum entusiasmo e contentamento pelos meus resultados ou as vezes em que finges interesse nas coisas que me agradam e dão prazer.
Teimas sempre em não confiar em mim, por mais que eu me esforce para te mostrar que podes. Tudo o que eu queria era poder contar contigo para me apoiares. Gostava também que confiasses em mim. Posso não ser o protótipo de rapariga perfeita, mas também nunca te dei razões para te preocupares demasiado comigo.
Mesmo sabendo que te vais zangar comigo, teimo em contar-te as asneiras que faço. Não faz muito sentido porque sei sempre que vais ficar zangada e que vou acabar a chorar, tal como estou neste preciso momento, mas tenho sempre esperança. Esperança de que valorizes a minha acção. Esperança de que me digas apenas “fico feliz por me teres contado, mas não o voltes a fazer”. Dizem que a esperança é a última a morrer mas, neste caso, a minha não tem razão para sobreviver.
Pergunto-me muitas vezes o porquê de nunca demonstrares, realmente, satisfação pelo que faço, mas nunca obtenho resposta. A possibilidade mais forte é sempre “se calhar ela faz isto para eu ter vontade de melhorar”. Acho que já nem isso me convence.
Tens medo? Podes me dizer, sabes disso. Quantas vezes não chorei eu nos teus braços quando te dizia que tinha medo? Faz parte ter medo. Tens medo de que eu cresça? Disso não podes ter porque é natural. Mas se tiveres, diz-me. Pode não fazer com que o medo vá embora, mas ao menos dá-me uma resposta às minhas perguntas.
Nunca me questionei se era feliz. Para mim, a felicidade era estar contigo, o resto não tinha grande importância. Parece que essa minha definição de felicidade se foi modificando… Mas sou feliz. Uns dias mais, outros menos. A vida também não é feita apenas de coisas boas.
Começo a ficar farta desta rotina. Destas mesmas chatices regulares que me tiram toda e qualquer vontade. Deste vazio que me consome por dentro sempre que estou perto de ti e tenho alguma coisa para te contar. Estou farta deste sítio e desta desconfiança.
Mãe, não te percebo, mas acho que é mútuo, uma vez que tu não me compreendes. Mas também me parece que não te esforças por o fazer.

Ana Laura Miranda; 11º C

Um Segundo!

Nunca precisei de alguém para me dizer o que era melhor ou pior para mim. Sempre me regi pelas minhas próprias regras, pelos meus ideais. Mas hoje, encontro-me num lugar obscuro, onde procuro e não encontro aquilo de que realmente preciso. Sinto falta de alguém que me saiba ouvir, que me ajude a lutar e que me ensine a seguir em frente. Será que esse alguém, és tu? Sim, tu! Tu que estás ai sentado, à minha frente, a olhar para mim como se eu tivesse alguma coisa de errado. Se tenho, diz-mo. Não fiques calado a ver as horas passar. Eu sinto que tens algo para me dizer, mas ao mesmo tempo, não podes, porquê? Diz tudo o que te vem na alma… Eu já estou mentalizada para ouvir tudo de quem quer que seja, mesmo de ti, de uma pessoa que eu nunca vi, nem nunca conheci.
Sempre ouvi dizer que era mais fácil desabafar com pessoas que não nos conhecem. Será que é pelo facto de não nos conhecerem bem e, assim, não estarem tão à vontade para nos apontar este ou aquele defeito? Quero acreditar que sim.
No outro dia, encontrei-te naquela esquina, mesmo ao fundo da rua, os nossos olhares cruzaram-se, demorou pouco mais do que um segundo, no entanto, um momento inexplicável de uma perfeita loucura. Sabes o que é sentir algo que nunca tinhas sentido? Algo estranho, mas ao mesmo tempo maravilhoso? Sim, foi exactamente isso que eu senti quando reparei que o teu olhar estava fixado no meu. Queria tanto conseguir explicar o que senti naquele momento, mas não conheço palavras suficientemente fortes para o descrever.
Se algum dia eu conseguisse transmitir-te pelo menos uma pequena ideia daquilo que eu senti naquele segundo tão único e insubstituível talvez eu fosse capaz de voltar a sentir… Talvez eu conseguisse sair da minha dormência e agir. Talvez eu voltasse a encontrar algum sentido em mim… Aquela segurança e a certeza que perdi. Sei que não me ouves. Sei que não me compreendes porque nunca caíste como eu caí, mas, se por um momento (quase tão curto como o da rua!), te pusesses no meu lugar, irias entender-me. É demasiado difícil explicar, demasiado doloroso e confuso pensar sequer no que me puxou para aqui, tão longe, tão fundo. Se me pudesses ajudar…! Se ao menos pudesse pedir que me segurasses e nunca mais me deixasses cair… talvez conseguisse voltar a mim e a ser feliz!

Patrícia Pereira; 11ºC

Interrogações

O que vou vestir agora?
Será que hei-de vestir umas calças, uns calções?
Calçar os ténis cor-de-rosa? Os Sapatos?
Será que devo levar o carro?
Bem, se calhar, é melhor levar o guarda-chuva,
Mas será que virá a fazer falta?
Quando não sei por onde vou caminhar?
Levo uma Camisola Branca?
Será que devo levar a minha mãe?
E o MP3?
Achas que ele me vai respeitar?
Bebo um chá de Cidreira e não sei se hei-de ir à feira.
Fica escuro, fico perdido.
A solidão vem e apodera-se de mim.
Tento dormir e não consigo.
Pois oiço uma voz que chama por mim.
Tapei-me bem com a mantinha da Avó e
Comecei a questionar o que haveria sido de mim sem
O Action Men.
Passado já vivido fora do pior.
Futuro colorido se aproxima.
Que hei-de fazer de mim?

Nuno Martins; 11º C

Acalmem as Criancinhas!


Depois de ter um ataque de tédio por estar há dois dias fechada em casa, sozinha, lá ia a Marta a caminho do café, para espairecer um bocado. Nunca lhe tinha sabido tão bem ouvir aquela musiquinha ambiente, no café da esquina, a um sábado à tarde. Para ela, se aquilo não era o Paraíso, estava lá próximo!
Mas como tudo o que é bom (bem bom, neste caso!) acaba depressa, eis que entra um jovem casal, com uma linda menina pela mão. Era bonito de se ver, uma imagem digna de um quadro. Assim que se sentaram, a pequena começou aos guinchos a dizer que queria um gelado de morango. A mãe, aflita, vendo que toda a gente estava a olhar, foi a correr buscar o gelado. Depois de duas ou três colheradas, a bela criança achou que o gelado não devia ser para comer, mas sim para brincar! Então, colocou as suas pequenas mãozinhas no gelado que tinha à sua frente e começou a correr e a gritar algo incompreensível, como se fizesse parte de uma tribo. Enquanto corria e gritava, ia sujando-se a si própria e a tudo o que apanhava pela frente. Os pais, envergonhadíssimos, pareciam dois gatos atrás de um rato, correndo à volta das mesas do café, pedindo mil desculpas a todas as pessoas presentes.
Assim que conseguiram agarrar o seu rebento, pagaram a conta, deixando uma gorjeta de quase cinco euros ao empregado, que os estava a olhar com cara de pouca satisfação, e saíram do café de cabeça baixa.
E que tal se se certificassem de que os miúdos são bem comportados antes de os trazerem a um sítio com tanta gente? Depois queixam-se que eles, quando já são crescidos, andem por aí aos gritos a toda a gente e a atirar cadeiras aos professores! Acalmem-me essas crianças!!!

Ana Lúcia Sobral; 11º C

domingo, 4 de abril de 2010

Párem a violência nas Escolas!

Hoje em dia, a educação encontra-se em decadência. Os professores que, antigamente eram vistos como os segundos pais, alguém a quem se devia respeito, perderam toda a autoridade que tinham sobre os alunos.
Nos últimos meses só se ouviu falar em agressões entre alunos e professores; ouvimos falar no “bullyng”, que passa pelos maus-tratos psicológicos e físicos de alunos uns contra os outros.
Joana é irmã de Maria, uma amiga minha. Ela tinha apenas catorze anos, aluna do nono ano, quando começou a inventar desculpas para não ir à escola e quando os pais não aceitavam as desculpas e a obrigavam a ir à escola, eu e a Maria chegávamos a encontrá-la sozinha na rua, longe da escola, à espera que chegasse a hora de ir para casa.
A vinte e oito de Março de dois mil e oito, Joana desaparece, deixando apenas um bilhete aos pais aonde se podia ler “Vou tentar mudar para melhor. Um dia volto!”. Alguns meses depois, os pais de Maria descobriram que Joana era perseguida na escola, por um grupo de alunos mais velhos, que pelo, que colegas dela contaram aos professores, sempre que a encontravam, a deixavam envergonhada; faziam com que ela sentisse que a sua existência não era certa, que ela não pertencia ali, e até chegou a haver agressões físicas, das quais Maria e os pais de Joana nunca se aperceberam.
A polícia procurou Joana, mas nunca a encontrou, e só voltámos a ter notícias dela três anos depois, quando podemos ler nos cabeçalhos do jornal “Jovem de 17 anos encontrada morta numa lixeira”. Se não queremos que histórias destas voltem a invadir os jornais, é preciso tomar medidas; é necessário que os professores voltem a ter o mesmo poder de antes, que todos os alunos tenham direito à atenção da comunidade escolar e que qualquer alteração no comportamento do aluno seja comunicado aos seus pais para que seja possível tomar medidas e ajudá-lo!

Marina Duarte; 11º D