
Sempre ouvi dizer que era mais fácil desabafar com pessoas que não nos conhecem. Será que é pelo facto de não nos conhecerem bem e, assim, não estarem tão à vontade para nos apontar este ou aquele defeito? Quero acreditar que sim.
No outro dia, encontrei-te naquela esquina, mesmo ao fundo da rua, os nossos olhares cruzaram-se, demorou pouco mais do que um segundo, no entanto, um momento inexplicável de uma perfeita loucura. Sabes o que é sentir algo que nunca tinhas sentido? Algo estranho, mas ao mesmo tempo maravilhoso? Sim, foi exactamente isso que eu senti quando reparei que o teu olhar estava fixado no meu. Queria tanto conseguir explicar o que senti naquele momento, mas não conheço palavras suficientemente fortes para o descrever.
Se algum dia eu conseguisse transmitir-te pelo menos uma pequena ideia daquilo que eu senti naquele segundo tão único e insubstituível talvez eu fosse capaz de voltar a sentir… Talvez eu conseguisse sair da minha dormência e agir. Talvez eu voltasse a encontrar algum sentido em mim… Aquela segurança e a certeza que perdi. Sei que não me ouves. Sei que não me compreendes porque nunca caíste como eu caí, mas, se por um momento (quase tão curto como o da rua!), te pusesses no meu lugar, irias entender-me. É demasiado difícil explicar, demasiado doloroso e confuso pensar sequer no que me puxou para aqui, tão longe, tão fundo. Se me pudesses ajudar…! Se ao menos pudesse pedir que me segurasses e nunca mais me deixasses cair… talvez conseguisse voltar a mim e a ser feliz!
Patrícia Pereira; 11ºC
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