quarta-feira, 21 de abril de 2010

Acreditar!

Era um dia primaveril, cheio de cor e fantasia, cheio de alegria. As papoilas já se viam pelos campos, rompendo de cor a terra verdejante, perto de uma calma aldeia do Alentejo. Perto de minha casa e de óculos colocados pela falta de vista provocada pela doença, conseguia avistar uma rapariga um pouco mais nova do que eu, correndo alegremente por dentro daqueles campos floridos.
Esta é a história de uma rapariga que tudo teve e tudo perdeu, esta é a minha história. Eu, Vanessa, sempre fui popular, toda a gente me dava atenção e eu, superior, ignorava as coisas mais importantes da vida, como um simples abraço, um sorriso, um beijo, ignorava o sentimento verdadeiro. Eu, Vanessa, tinha-me tornado numa pessoa de falsa, sem sentimentos. Não valia a pena ninguém me chamar a atenção para a mera ilusão que era a minha vida… Mais tarde ou mais cedo, algo iria mudar, era o meu destino. Lembrei-me de, na escola, fazer uma partida à miúda mais feia de todo o liceu para a ridicularizar ainda mais por puro prazer. Ao princípio não me arrependia de nada mas e agora? Agora lanço as mãos à minha face e vejo que a ridícula não era aquela miúda, mas sim eu. Eu, Vanessa, era a ridícula! Eu, Vanessa, tinha tudo, pais ricos, amor verdadeiro que nunca aceitei por vir de um “totó”, preferia viver uma mentira com o rapaz mais popular da escola. Porquê? Apenas porque ele era popular, apenas para provocar a inveja das outras miúdas e agradar ao meu ego, à minha vaidadezinha…. O certo é que quando vi aquela rapariga, um pouco mais nova que eu, pensei no que perdi da vida que é tão preciosa! Apaixonei-me por um rapaz normal, não muito popular, era alguém, pensava eu, especial! Deixou-me completamente perdida, apaixonada. Pela primeira vez na minha vida tão fútil apercebi-me que a vida era muito mais do que o dinheiro e a popularidade. Este rapaz mostrou-me amor mas não o verdadeiro. Era, uma espécie de brincadeira maldosa para, desta vez, ser eu a humilhada. Sofri muito.
Agora estou numa cadeira de rodas. Sou paraplégica. Um acidente de carro mudou completamente a minha vida e quando olhei para aquela rapariga a correr por aquele campo florido, senti falta de viver, senti falta de ser livre. Percebi que nunca tinha dado valor a nada nem a ninguém. Eu, Vanessa, que conto agora a minha história de vida, quero que aprendam com ela, quero que não cometam os mesmos erros que eu cometi no passado e dos quais agora me arrependo e muito. Acreditem na bondade, na verdade, no amor, na beleza, na paz porque acreditar, acreditar é viver.
Catarina Sabino; 11º D

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