quarta-feira, 21 de abril de 2010

Agora

Estou aqui, sentada, a tentar dar asas à imaginação. Mas na verdade, não consigo! Tenho coisas a mais na minha cabeça, coisas essas, que não me deixam concentrar e pensar em algo mais que um desabafo.
Esta altura da vida, considerada a mais crítica, é sem duvida aquilo a que chamam a idade da definição, da procura, mas acima de tudo, a idade dos “problemas”.
Sinto essa fase a passar por mim neste momento. Tento definir o que sou, o que quero, o que procuro, o que sonho, o que desejo, mas a minha cabeça pensa para além de tudo isso. Pensa no que mudou, no que passou. Vivo do passado, é certo, das memórias que tenho do que passou, do que aconteceu e não volta mais… Vivo agarrada ao passado e isso entristece-me. Esta fase, que devia ser a melhor, como todos os outros dizem, está a ser uma das piores. Agora que vou descobrindo o mundo, que vou vendo as coisas com menos ingenuidade, penso que a melhor fase que tive foi mesmo a que quando era ingénua, uma criança, e o mundo parecia perfeito. Sinto falta. Sinto falta do que passou, daquilo que fui e que não voltarei a ser.
Agora, o mais pequeno problema torna-se em algo gigante. Tal como uma avalanche, começa por pouco e termina numa gigante queda de neve. É assim que sinto tudo o que passo, é assim que sinto a adolescência. Pode parecer absurdo, pois todos desejam passar por esta altura da vida, e até eu, há uns aninhos atrás, era o que mais desejava. Mas e agora? Agora que estou a passá-la, agora que estou a senti-la, só desejo que passe e que passe o mais rápido possível. Apetece-me fechar os olhos e pensar que, quando os voltar a abrir, sou totalmente feliz, como fui… no passado!
A verdade é que na adolescência, tomamos decisões, crescemos, mudamos e perdemos… perdemos parte do que fomos, parte do que tivemos e, por vezes, essa perda pode ser momentânea e pode ser tão insignificante que a podermos voltar a recuperar, mas e quando essa perda é verdadeiramente importante? Quando essa perda, que considerávamos parte de nós, se perde para sempre e cria um vazio enorme? Então, vou buscar o passado, vivo daquilo que tenho na memória antes de a perder. Vivo dessa recordação….
Agora… Olho para as mãos. Olho para o passado. Pisco os olhos e cai me uma lágrima, cai-me uma lágrima, que ainda tem um pouco do antes e do agora. Isso cria em mim uma tristeza profunda. Uma tristeza por dentro e por fora. Uma tristeza que não deveria sentir nesta altura da vida. Olho para o chão, olho para o tecto… desejo voltar atrás, desejo voltar ao passado, desejo que tudo seja como antes… PERFEITO!

Mariana Carvalho; 11º

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