segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Menina de fita no cabelo


De fita no cabelo e camisola cor-de-rosa, cabelos compridos e castanhos-claros, quase loiros, pequenos olhos castanhos brilhantes e um sorriso desdentado de orelha a orelha, lá está a Beatriz pronta para tirar o retrato com a turma do 2º ano.
Apesar de estar vestida de cor-de-rosa naquele dia, não gostava de brincos, pulseiras, anéis, nem de brincar com Barbies, muito menos de usar coisas cor-de-rosa como qualquer outra rapariga de sete anos. Ela gostava de jogar à bola e ao berlinde com os rapazes e a sua cor preferida sempre foi o azul, cor caracteristicamente masculina.
No seu grande sorriso transparece a felicidade que sentia naquele dia, coisa rara, pois ela nunca sorria para as fotografias. Tirar fotografias, para a Beatriz, era um transtorno, talvez por o seu tio ser fotógrafo e ela ser sempre o alvo principal das suas experiências fotográficas.
Mas, nesse dia, sorria para a objectiva da máquina, era um dia diferente. Era o dia de tirar um retrato com a turma que ela sabia que iria guardar para mais tarde, quando fosse mais crescida, poder relembrar o passado e ver que era uma criança feliz.
E era mesmo. Ela era amiga de todos os seus colegas, nunca criou conflitos com ninguém, ajudava quem fosse preciso. Não era egoísta, porque foi ensinada a não o ser. Viveu uma infância normal, apesar do divórcio dos pais, algo que nunca a afectou profundamente.
E, com sete anos, Beatriz era apenas mais uma criança que ia para a escola na expectativa de aprender mais e de brincar com os seus amigos.

Beatriz Madeira; 10ºC

1 comentário:

Guarda-Letras disse...

Pois de fita no cabelo e de blusinha cor-de-rosa, a cor das meninas, eis a Beatriz num tempo de poucos dentes, mas sempre de simpatias e sorrisos.
Fizeste um bom retrato da pessoa que foste.
F. Beja