segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Minha querida irmã!

Hoje acordei logo cedinho, fui até à entrada de minha casa simplesmente para me ver ao espelho. De repente, olhei à minha volta e vi uma fotografia da minha irmã Sara, uma menina linda, cheia de força e de coragem. Quando vi essa fotografia, recordei o dia em que ela partiu para outro mundo, a que chamamos “céu”.
Tudo começou quando ela tinha 2 anos. Lembro-me perfeitamente de estar a brincar com ela na rua da minha casa, quando reparei que tinha um alterão na perna e que punha o pé de lado. Fui logo dizer à minha mãe:
- Mãe, o que se passa com a mana? Ela tem um grande alterão na perna, não é nada, pois não?
Ela disse-me que, no dia seguinte, íamos ao hospital ver o que se passava. Foi o que aconteceu…. Quando lá chegámos, viram a perna da minha irmã e mandaram-nos para o IPO – Instituto Português de Oncologia. No IPO, fez uma ressonância magnética, e descobrimos que o alterão que tinha era um cancro. Fiquei muito, muito triste ao receber esta notícia. Foi como uma facada no peito…A partir desse dia, os meus dias não foram os mesmos. Todos os dias, ia para a rua como fazia com ela, mas ela não estava lá. Aos fins-de-semana, tinha de ir a Lisboa vê-la; era a única maneira de estar com ela, porque estava internada a fazer quimioterapia.
Os dias iam passando, e a minha tristeza ia desaparecendo. Ela estava cada vez melhor com os tratamentos. Mais feliz fiquei quando soube que ela ia ser operada, e que ia ficar boa. Regressou a casa e tudo voltou ao normal… As brincadeiras na rua, os fins-de-semana a ver filmes na televisão e os jogos de playstation, que era do que ela mais gostava.
Passaram-se dois meses desde a operação, e aconteceu exactamente o mesmo; outro alterão lhe apareceu na sua perna. Era igualmente um cancro, mas desta vez, era um de espécie rara que só aparecia em pessoas de idade. Os médicos não deram salvação à minha irmã… E assim, ainda fiquei mais triste do que anteriormente. Nos dias que restaram de vida à minha irmã, eu ia tentando mentalizar-me de que não havia nada a fazer, de que ela ia morrer um dia, que não sabia ao certo…
Chegou o dia - o dia em que o meu pai não esteve em casa, o meu avô ficou a cuidar de mim. Decidi logo telefonar à minha mãe a perguntar o que se passava e ela, ao telefone, disse-me:
- Filho, a tua irmã morreu…
Fiquei destroçado. Levei as mãos à cabeça e passei dias e dias a chorar. Ainda hoje, já com 15 anos, ainda choro por ela…
Vivo com muitas saudades. Ela estará para sempre no meu coração. A coisa mais importante que guardei para além do amor dela, foram as suas últimas palavras: “Mãe, ajuda-me!”.

Bruno Carloto; 10ºB; nº6

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