quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Terramoto Económico


Epicentro – EUA

A depressão dos EUA no sector bancário foi duramente atingido devido à ruína dos accionistas, ao endividamento das famílias fruto do acesso facilitado a créditos e das dificuldades das empresas em liquidarem os empréstimos contraídos, levando à falência deste sector e, consequentemente, de outros dependentes destes. Sendo os EUA uma super potencia a nível mundial a crise “abraça” agora o mundo inteiro. Mas não terá anteriormente a sociedade passado por uma situação semelhante?
È para discutir este tema que entrevisto a D.ª Teresa Pimenta (mediadora imobiliária), com o objectivo de compreender as origens e as dimensões da actual crise e compará-la a outras anteriores semelhantes a esta
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1 - Recorda-se de ouvir falar de uma crise mundial com a dimensão e proporção desta vivida actualmente?

Teresa Pimenta: Igual não! Mas em termos de consequências a de 1929 foi muito semelhante…

2- O que esteve na origem desta actual crise e na de 1929?

T. P: Ambas tiveram origem nos Estados Unidos. A de 1929 teve começo numa especulação bolsista nos EUA. A origem da actual crise também esteve ligada ao sector bancário dos EUA, devido ao facto de este sector ter deixado de ter liquidez para satisfazer os pedidos e honrar os compromissos que tinha. Isto porque as pessoas passaram a viver numa ilusão do que realmente não tinham, devido às tentações do “crédito fácil”. E, depois, surge a dificuldade de pagarem os empréstimos contraídos, e os bancos passam a não ter capital disponível para a liquidação.

3- Acha que as consequências da crise económica de 1929 são semelhantes às consequências que actual crise está a gerar?

T. P: Para já, a crise de 1929 em termos de consequências imediatas foi mais grave. Depois do colapso bolsista, a América foi arrastada para uma profunda depressão económica, atingido nomeadamente o sector bancário, o que provoca a sua falência, dificultando, assim, o financiamento à indústria e, consequentemente, provocando o encerramento destas. As fábricas deixaram de poder comprar matérias-primas e de pagar os salários aos funcionários, sendo obrigados a despedir pessoal ou a encerrar as portas. Ora tal fez disparar o desemprego que, por sua vez, fez diminuir a procura eo consumo. É o que actualmente já se verifica e possivelmente vai se agravar.

4- Como é a que a actual crise económica chega à Europa?

T. P: Primeiro, porque o que acontece nos Estados Unidos também acontece cá! Numa escala diferente… mas acontece. Depois, a globalização da economia americana é tão importante no resto do mundo que acaba por se reflectir directamente ou indirectamente nos outros países.

5- De que forma, actualmente, a crise afecta Portugal e os portugueses?

T. P: Afecta Portugal e os portugueses da mesma forma que afecta os outros países. Por exemplo, no sector bancário já é muito difícil conseguir um empréstimo. Começa-se a verificar que as empresas, tanto a nível nacional, como internacional, estão a dispensar pessoal ou mesmo a encerrar as portas.

6- Acha que poderemos chegar a uma grave falência do sector bancário à semelhança do que aconteceu nos EUA?

T. P: Não! Porque nós estávamos a um “passo a trás”, isto é, acredito que não vamos chegar a uma situação tão grave quanto a dos EUA. Isto porque, desde logo, o nosso governo e a comunidade europeia tomaram consciência do problema que se estava a aproximar e tentaram, desde logo, tomar medidas preventivas, embora não sejam a solução e a garantia de que a crise não se agrave. Pelo menos tentaram, desde logo, diminuir as consequências desde problema! Portanto, acho que não vamos chegar a uma situação tão grave como a dos EUA!

7- Acha que a medida do governo português de injectar directamente capital nos sectores bancários é a solução para a crise?

T. P: Sim, acho que faz todo o sentido, evita-se, pelo menos, que os depositantes sofram perdas, como aconteceu no EUA.

8- Poderá a solução para esta crise ser semelhante à solução de New Deal para a crise de 1929?

T. P: Em algumas coisas pode. Por exemplo uma das medidas de New Deal, na época, foi a construção de obras públicas para gerar mais emprego e a regulamentação das actividades da Banca e da Bolsa. Apesar da realidade actualmente ser diferente acho que a solução também pode passar por aí.

9- A sociedade poderá aprender alguma coisa com esta crise?

T. P: Sim! Esta crise devia sobretudo revolucionar a mentalidade das pessoas. A sociedade andou anos numa ilusão a viver acima das suas capacidades financeiras. Isto devia consciencializar as pessoas que devem resistir ao “crédito fácil” e ao endividamento, porque, depois se por algum motivo, ou de saúde, ou de emprego, as pessoas deixam de poder pagar os empréstimos de casas, de carros podem perder os seus bens, alguns deles essenciais para o seu mínimo de sobrevivência...

10 -Esperamos que ao menos isso! Que se aprenda com os erros. Para futuramente se cometam menos! E esperemos começar a ver o fim a este problema que actualmente nos toca a todos! Obrigada D.ª Teresa pelo tempo que nos disponibilizou para este momento de discussão e de reflexão.

Marlene Silva, 10.ºC; n.º10

1 comentário:

Guarda-Letras disse...

Bom trabalho! Deves continuar atenta e a trabalhar as tuas competências. Parabéns, é uma entrevista pertinente e bem sucedida!
F. Beja