sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa , por Almada Negreiros
Observo atentamente o retrato de Fernando Pessoa, um ser angustiado que se desdobrou nos heterónimos, retratando os outros "eus" escondidos. Seria louco? Não! Foi um homem corajoso ao mostrar que, numa vida, se podem viver várias e todas elas de maneiras diferentes.
Morreu ainda cedo mas viveu intensamente, sofregamente. Mas viveu! E passou para o papel tudo aquilo que sentia, com a noção de que não era um ser apenas… era também Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares, entre muitos outros. E todos eles eram um só: Fernando Pessoa… que sempre assumiu viver cercado de um mundo fictício. Talvez fosse mais fácil viver assim, acompanhado de seres fictícios. Seria uma melhor forma de encarar a solidão que habita a alma dos poetas, a inquietação que os leva ao desespero… Pergunto eu: não seremos todos nós um pouco assim? Acredito que sim, mas… temos vergonha de reconhecer que nos sentimos inquietos e que escrevemos o que nos vai na alma. Seria vergonhoso admitir perante todos os que nos rodeiam que escrevemos lamechices…
Ninguém se pode comparar a Pessoa mas que escrevemos lamechices e nos sentimos bem, lá isso é verdade! Quer queiramos, quer não… temos sentimentos. Sentimos ira, revolta, inquietação, angústia, medo, amor… Contudo, ninguém assume o que sente. Talvez seja por estarmos mais preocupados com a parte exterior do que com os nossos sentimentos.
Fernando Pessoa inspira-me e faz mostrar o melhor que há em mim, no meu “eu” interior. Basta-me olhar para esta imagem: uma inquietação calma, um olhar saudosista de ser: “ o menino da sua mãe”.

Maria Granado; 12ºD

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