quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Monet: Impressão Sol Nascente, 1872

O quadro pintado por Monet é tudo menos nítido: as figuras estão distorcidas, as formas baralham-se. Parece não haver uma linha que separe o real do imaginário. Pela incerteza no traçado, alguns afirmarão, então, que esta obra nada nos pode dizer sobre o que estava perante os olhos do nosso pintor.
Mas será que uma obra de arte, seja ela qual for, tem de nos revelar uma figura ou uma imagem real? A resposta que encontro quando olho para o quadro é um gigantesco não. Esta obra não nos apresenta quaisquer figuras ou imagens, definidas claramente, mas apela à minha imaginação: faz-me tentar visualizar o que estava na imaginação do poeta, leva-me a reflectir sobre o poder da cor, conduz-me a que me deixe levar pelo traçado do pintor.
A tranquilidade impressa no quadro é, para mim, indescritível; quando olho para este quadro, sinto-me numa esplanada virada para o mar em Veneza… ou será em Amesterdão? O importante não é o local, mas sim o sentimento. Quererá, quem me lê, juntar-se a mim? Ou será que a imagem criada na sua cabeça quando observa e, de seguida, fecha os olhos, não tem nada a ver com o que descrevi?
Na minha opinião, é nesta incerteza que reside a definição de arte; ninguém mais pode, para além do próprio artista, expor, numa simples tela, que seria branca antes de ser pintada, aquilo que o seu interior lhe transmite. Um momento de inspiração, um momento de descontracção… O facto é que Monet produziu algo maravilhoso, algo a admirar por todos.
Ser artista é para quem pode, é um dom. Se vem da mãe ou do pai? Se do Pai Divino ou da Mãe Natureza? A isso não sei responder, mas decerto que venha de onde vier, um quadro como este suscitou hoje uma reflexão, e de outras mais será merecedor certamente!

Francisco Almeida; 12º C

Sem comentários: