terça-feira, 12 de maio de 2009

A condição feminina

N’Os Maias “o amor é uma coisa exclusivamente física e bestial, sem idealidade, sem ternura, sem preparo – como entre animais de espécie imunda. Essa Gouvarinho, por exemplo, não passa em última instância, da Leopoldina do Primo Basílio, mais hautement placée. A Cohen, uma lesma lânguida, sem repudiar o marido, institui-se amante do primeiro Georges Hugon que lhe apareça, Dâmaso ou João da Ega, pouco lhe importa… e sobre o altar do amor, no fim de cada entrevista, exangue e nua, a desavergonhada não tem pudor de perpetrar a colação de perdiz fria e vinho de champagne, ao lado do amante em camisola. Maria Eduarda, sabe-se o que é, de onde vem, e da maneira cómoda e tranquila com que depois do incesto se resolve a casar com um monsieur à favoris blancs, lá de Paris.”

Fialho de Almeida, Pasquinadas – Jornal d’Um Vagabundo, pp. 269-286.

As mulheres n’Os Maias, são conhecidas pelo exterior através do narrador ou de outras personagens; pelo contrário, é possível conhecer o interior de Ega e de Carlos.
Raquel Cohen e a Condessa Gouvarinho são vistas como mulheres fúteis, adúlteras, provocantes e levianas; Maria Eduarda mostra ser uma mulher que escolhe a maneira mais fácil de subir na vida, casando-se com homens ricos, tal como Maria Monforte, sua mãe, também o fizera. As mulheres, como se pode verificar anteriormente, são criticadas negativamente.
As mulheres das classes ricas eram educadas “exclusivamente para o amor”, e desde novas aprendiam como se apresentar e comportar diante de outras pessoas.
Quando casadas eram muito dependentes dos maridos, “o marido trata de lhe tirar todo o trabalho, todo o movimento, toda a dificuldade, alarga-lhe a vida em redor, e deixa-a no meio, isolada, fraca e tenra, abandonada à fantasia, ao sonho e à chama interior”.
Os adultérios na pequena burguesia, “a não ser as excepções de temperamento” eram “quase todos oriundos na necessidade e na pobreza”.
Eça Queirós, Uma Campanha Alegre, Livros do Brasil

Sofia Santos, 11ºA

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