domingo, 24 de janeiro de 2010

Invernos de outros tempos....

Neste dia chuvoso e cinzento de pleno Inverno… aqui, na minha acolhedora casa de campo, sentada junto ao quentinho da lareira, recordo outros Invernos e outros tempos. Em pequena, antes de entrar para o Ensino Básico, eu adorava o Inverno era de certo a estação mais desejada do que qualquer outra, mesmo o Verão. Ansiava por estação, não só pelas comemorações que se fazem nesta altura que fascinam qualquer criança… mas desejava esta estação pelo que, realmente, ela nos oferece de novo em relação às outras! Eu queria ver os campos em redor da minha casa cobertos de verdes molhados que se espelhavam, com um tímido sol que espreitava por entre as nuvens, eu queria ver a água que se derramava do céu, queria ouvir a fúria dos trovões e dos relâmpagos, eu queria ver esta fúria da natureza… Ao fim da tarde, queria ver essa fúria convertida num sorriso de todas as cores vivas e alegres, queria ver os charcos e as poças dispostas por todo o lado para pegar na minha bicicleta cor-de-rosa e nas galochas e sair que nem uma maluquinha em busca da maior poça para chapinhar em cima, queria ver… queria ver… queria…
Hoje, sentada aqui… à lareira desta casa que já acolheu tanta felicidade, bem como a vida desta menina que gostava do Inverno, reflicto sobre o que hei-de escrever sobre o tema do texto proposto pela professora de Português: “O Inverno”. Olho para o passado, vejo o presente e concluo que essa menina já não existe… agora, há uma pessoa fria tão fria como este dia, que em dias de Inverno nem sai à rua para ver aqueles campos verdes, para procurar o arco-íris, para observar o ninho da cegonhas, para escutar a água que cai no telheiro da varanda… tudo isto esta lá, nada mudou desde da minha infância… só EU.
Eu converti esta magia do Inverno numa estação triste tão triste como o meu rosto nestes dias, tão fria como a geada que cobre os campos, tão angustiante como o meu coração arrefecido, tão abafada como o nevoeiro da madrugada… E assim, esqueci aquela magia da minha infância… esqueci que tudo tem o seu encanto natural… esqueci…
A forma como encaramos a vida é que pode torná-la diferente… pois a vida está lá para ser vivida ao máximo!


Marlene Silva; 11º C

2 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

Escrita fluente, poética e reflectiva.
Carregada de alguma tristeza e melancolia, também ela própria, penso eu da idade.
Continue a escrever (bem) como o faz, e deixe estar que essa fase "invernosa" da vida faz parte do processo de crescimento de todos.
Não tarda tem a "Primavera" a bater-lhe à porta, a anunciar-lhe que o "Verão" vem já aí.

Bolotinha disse...

Bonito texto, descritivo, reflexivo e de doces memórias... Quanto ao inverno, quando a sensibilidade e reflexão é a demonstrada neste texto... de certo que não pode durar, pois tanta delicadeza só pode resultar numa alegia de vier que passa mesmo em palavras cheias de neve.