sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Bisavó

Quando tinha os meus quatro ou cinco anos de idade, estava sempre desejando que chegasse o fim-de-semana, principalmente o domingo, para poder ir a casa dos meus avós. Adorava passar com eles um dia inteiro; divertia-me imenso com a minha bisavó que vivia com os meus avós, pois já tinha alguma idade para viver sozinha.
Assim que chegava domingo de manhã, acordava bem cedo. A minha mãe vestia-me, e logo depois, eu ia para junto do meu pai e pedia-lhe que me fosse levar. Ao vê-los, corria até eles com o meu cabelo a saltitar, pendurava-me ao pescoço deles e abraçava-os até me soltarem dos seus braços. Logo de seguida, ia para a rua, porque eles viviam num monte. Então, apreciava ao pormenor todos os animais, enquanto os meus avós tratavam deles. Por vezes, tinham de ralhar comigo, porque eu queria mexer em tudo o que via, e me despertava alguma curiosidade.
Gostava muito de brincar com algumas louças velhas que a minha avó me dava para eu estar entretida Brincava no muro que existia na parte da frente da casa. Era aí que a minha bisavó estava quase sempre sentada, encostada ao seu “bordão” como ela lhe chamava, à espera de alguns raios de sol que a aquecessem. Enquanto eu brincava, sorria-lhe quando a olhava e ela observava muito atenta tudo o que eu fazia.
Eu, com a idade que tinha ainda era muito inocente e não tinha a noção que ela precisava do seu “bordão” para dar os seus passinhos. Às vezes, roubava-lho e, depois, começava numa correria sem parar. Ela, coitada, ficava sentada a olhar para mim e a pedir-me que lho devolvesse, mas eu nunca o queria fazer. Que maldade!
Passado tempo, aquela velhinha adoeceu e todas estas correrias com o seu “bordão” deixaram de existir. Na altura, nem me apercebia do que estava a acontecer, mas sempre que chegava a casa dos meus avós sentia a sua falta. Não a via sentada no lugar habitual de todos os dias e encontrava-a deitada na sua cama.
Foram bons os momentos que passei com a minha bisavó, apesar de ela não achar muita graça às minhas brincadeiras, porque já se sentia muito cansada e só queria estar sossegada no seu cantinho. Mas ria-se comigo. A minha bisavó acabou por falecer e eu senti muito a sua falta sempre que ia visitar os meus avós.
Hoje, sempre que me lembro dos momentos passados com ela, que foram muitos, é como se os estivesse a viver novamente na minha memória. Infelizmente, as pessoas “partem”, mas o sentimento por elas permanece no coração e a saudade aparece.

Filipa Teixeira; Nº13; 10ºB

Sem comentários: