sábado, 10 de dezembro de 2011

A Vida e a Morte

Há cerca de 8 anos atrás, numa manhã como todas as outras (ao menos, era isso que eu pensava), acordei. Deixei-me ficar na cama a reunir forças para enfrentar o frio de mais uma manhã do mês de outubro.
Passado algum tempo, apercebi-me de alguma agitação no exterior do meu quarto. Luzes acesas, pessoas a falar… Na inocência dos meus quase oito anos, nunca me passou pela cabeça o que realmente se tinha passado. A minha avó, a mãe da minha mãe há dois anos que lhe tinha sido diagnosticado um tumor maligno no cérebro. Aos poucos, viria a perder as suas faculdades. Recordo-me especialmente de um dia em que eu e a minha mãe a fomos buscar à paragem de autocarro e, quando ela entra no carro e não consegue falar, eu perguntei-lhe o que se passara, ao que ela me respondeu que os médicos lhe tinham feito uma “coisa com uma broca” na língua. Nesse momento, isto bastou para satisfazer a minha curiosidade. Mas o que é certo, é que ela nunca mais proferiu uma única palavra.
Agora, olhando para trás, percebo que foi nesse dia, o dia em que a minha avó morreu, o dia em que tiraram do mundo uma grande mulher, trabalhadora, esforçada, que era capaz de passar uma noite inteira perto de quem (pessoa ou animal) precisasse dela… foi esse o dia em que eu me apercebi do que era realmente a vida, pois fui confrontada com uma morte injusta, que ocorreu demasiado cedo, e que teve graves consequências no seio da nossa família.
Mas, foi nesse momento, também, que me apercebi da grande mulher que a minha mãe foi e é. Uma mulher que teve uma primeira filha, eu, com uma fenda lábio-palatina; de quem a avó se suicidou dois anos depois; que teve um segundo filho com um sopro no coração… e a quem a mãe morreu muito nova e quando mais era precisa. Mas, apesar de tudo isto sempre lutou e continua e lutar, levando um dia de cada vez e, tal como a mãe dela, a fazer tudo por todos.
Não cheguei a ter a honra de conhecer a minha avó, mas tive o enorme privilégio de conhecer a maravilhosa pessoa que é a milha mãe. Posso dizer que, quando me dizem que sou muito parecida com a minha mãe, sinto um enorme orgulho.
Todas as pequenas conquistas que já fiz e todas as que espero fazer no futuro, foram graças a elas e por elas, por estas duas grandes mulheres que, na sua pequenez, já conseguiram conquistar o seu lugar neste mundo.

Ana Marques; 10º B

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