sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Memórias passadas, não esquecidas

Cabelinhos aos cachos, e sorrisinho maroto, estas eram as minhas principais características de criança. Ainda trago na minha memória algumas lembranças desta fase da minha vida.
Quando chegava a hora do almoço ou do jantar, fome era o que nunca tinha. Naquele dia tal como muitos outros, corria dos meus pais que tentavam, a todo o custo, colocar-me um colher de grão com arroz na boca. Inventavam as histórias mais criativas e fascinantes que uma criança poderia ouvir, e por sua vez, as mais cativantes, claro. No entanto, tudo isso parecia não resultar comigo, que teimava sempre em levar a minha ideia avante. Por cada colher que minha mãe pegava dizia “Ritinha, olha o avião!”, “Ritinha, uma colher para a avó, ela está doentinha1”, e a “Ritinha” desviava a cara, lembrava-se de contar alguma história, ou simplesmente fugia. Digamos que não era uma criança propriamente de “boa boca”, mas sim um “pisco”, como diziam. As tentativas que, na maioria das vezes, eram falhadas, de me tentar convencer a “abrir a boca” não ficavam apenas pelas histórias, pois quando as histórias não resultavam compareciam os bonecos. Era uma criança meiga, no entanto, muito traquina e teimosa. Nesse mesmo dia no qual o almoço era grão com arroz, a minha mãe foi comigo até ao jardim perto de minha casa, e tudo isto como forma de me distrair com algo e de, naquele momento de distracção, conseguir que comesse mais um colher de grão. Esta fazia referência às mais lindas flores que no jardim havia, aos passarinhos, aos cãezinhos das vizinhas, mas como é óbvio nada disso resultou nesse dia. Após estas tentativas, a minha mãe fartou-se de insistir como sempre insistia, e levou-me novamente para casa. Fê-lo, então na esperança que eu, ao jantar, comesse melhor. No entanto, como sempre essa ideia não foi das melhores, pois como é óbvio persisti em nada comer!
Enfim, eu era uma criança dócil, mas quando o assunto se c pendia para o lado das refeições, fugia delas a “sete pés”, e digamos que, por vezes, ainda o faço.


Rita Fernandes; 10º B

Sem comentários: