sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Guitarra



Certo dia, a minha mãe comprou-me uma guitarra acústica. Fiquei muito contente e, nesse dia, não parei de tocar.
Na noite, estava eu contente a tocar “mal”, quando os meus pais se foram deitar (eles, nesse tempo, iam-se sempre deitar bem tarde) ouviram-me a tocar e ficaram admirados de eu ainda estar acordado àquelas horas da manhã. Por isso, ralharam comigo.
No dia seguinte, acordei bem cedo, mais cedo do que todos lá em casa (o meu pai costuma acordar às 6 e meia para ir para o trabalho), peguei na guitarra e comecei a tocar. Então, os meus pais apressaram-se a ir ao meu quarto para me repreenderem., Eu tinha acordado todos lá em casa com aquela barulheira horrível. Como castigo, os meus pais tiraram-me a viola o resto do dia. Eu amuei e fiz beicinho, mas sem resultado.
Mais tarde a umas horas mais “apropriadas”, liguei a televisão, mudei para o canal dos desenhos animados e pus-me a ver televisão até a minha mãe me vir dar a roupa para vestir para, depois, ir almoçar.
Vesti-me e almocei. Mal acabei de almoçar, fui ter com a minha mãe para lhe pedir que me devolvesse a guitarra. Então, ela disse-me não, pois eu estava de castigo. Ora, mas eu não desisti e continuei a chateá-la até que ela acabou por ceder. Eh eh que peste que eu era! Já com a minha querida guitarra nas mãos, fui para a rua e pus-me a tocar, toquei sem parar até me cansar.
Mais tarde já farto de tocar, comecei e brincar com a minha nova guitarra. Imaginei que ela era uma espécie de arma e que tinha vários inimigos para derrotar para passar de nível. As minhas brincadeiras da altura eram sempre fortemente influenciadas pelos jogos e pelos desenhos animados que via. E swiiiiiip e swooooop e vuuuuum e lá ia eu derrotando os inimigos, até que a guitarra se escapa das minhas mãos e caiu no chão. Partiu-se em dois bocados. Mesmo com ela partida não parei a minha brincadeira; continuei a fingir que tinha ganho uma nova arma. Quando se fez noite e entrei em casa com a guitarra feita em duas, a minha mãe gritou:
-LEEEEEEEANDRO o que e que fizeste? – e apontou para a guitarra partida. Eu respondi:
-Deixei-a cair enquanto brincava com ela e partiu-se.
- Mas a guitarra não é para se brincar, é para tocares.
A minha mãe ralhou comigo a noite inteira e pôs-me de castigo, de novo. Eu não podia jogar, nem ver televisão durante um mês. É claro que eu tentei a minha típica estratégia do beicinho e de chateá-la. Contudo, desta vez não resultou e fiquei mesmo sem jogar, nem ver televisão durante um mês inteirinho!
Mas isto não aconteceu só com a guitarra, tudo o que era brinquedo ou servisse para as minhas brincadeiras, ao fim de alguns dias acabava ou partido ou com alguma peça a faltar-lhes. Era por isso que algumas vassouras não tinham cabo.
Eu era uma peste; ninguém tinha mão em mim. Só um belo par de açoites e que me acalmava um bocado.
Foi assim a minha infância até ganhar juízo. Juízo? Será que ganhei mesmo algum?

Leandro Luz; nº21; 10ºB

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