sábado, 10 de dezembro de 2011

A Salinha do Telefone

Naquele dia, levantei-me cedo, como o habitual; arranjei-me, tomei o pequeno-almoço e fui para o autocarro com a minha mãe. Mais um dia no infantário a brincar com as minhas amigas, a fazer trabalhos manuais, a cantar...era uma alegria.
A manhã correu como o esperado, fizemos trabalhos com tintas alusivos ao outono, fomos para o quintal brincar até se fazer meio-dia e, depois, fomos almoçar. Após o almoço, vimos televisão e, finalmente, chegava a hora de irmos brincar. O dia estava a ser monótono e não me apetecia, a mim nem às minhas amigas, fazer às brincadeiras do costume. Inicialmente, tínhamos pensado ir para a sala dos brinquedos, mas estavam lá os rapazes a brincar com carrinhos telecomandados e não foi possível ficarmos lá. Fomos, então para a única sala disponível para nós, a sala do telefone. Era uma salinha pequena que dava acesso ao quintal, com duas cadeiras e um pequeno móvel com o telefone e uma lista telefónica amarela. Conversámos durante um bom bocado e... fez-se, de repente, luz! Lembrámo-nos de ligar a pessoas desconhecidas, fazendo-nos passar por outras. Então, a estratégia era a seguinte: enquanto uma estava ao telefone, outra estava a vigiar a porta para não entrar ninguém e apanhar-nos a falar ao telefone. Abríamos a lista, escolhíamos um número ao acaso e ligávamos. Era hilariante, uma das minhas amigas fazia pronúncia nortenha e a minha amiga Filipa, falava, ou melhor, tentava falar com quem estava do outro lado, em “chinês”!
Assim, passámos a tarde, sem nos vir à ideia que as inúmeras chamadas que tínhamos feito eram pagas!
Nos dias que se seguiram, tudo correu normalmente no infantário, mas numa bela manhã, eu e as minha três amigas fomos chamadas para falar com a educadora. Tínhamos já uma pequenina ideia do tema da conversa. Durante a tarde em que fizemos as tais chamadas, a cozinheira, apanhou-me em flagrante com o telefone na mão. Eu, armada em boa, lá disfarcei, dizendo que estávamos só a brincar. Bem... Aquilo que ouvimos é o que se pode considerar um grande raspanete! A educadora estava furiosa conosco e escandalizada com a conta do telefone. Ouvi também uma repreensão da minha mãe, quando me foi buscar ao infantário e soube do sucedido.
Este foi um dos muitos episódios caricatos que fez parte da minha infância, época de pura ingenuidade e diversão. Ainda hoje, eu e as minhas amigas rimos bastante quando nos lembramos desta tarde de outono.
Eu era assim, uma criança de cinco anos que não sabia que falar ao telefone custava dinheiro!

Joana Graça; 10º B

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