sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Viagem

Encontro-me sentada no autocarro, pronta para viajar entre Santiago do Cacém e Sines. Viajar não será a palavra mais adequada para descrever o percurso, já que este não é muito longo. Portanto, apenas percorrerei um caminho entre duas cidades muito próximas.
Ao meu lado, a minha tia fala com o motorista sobre um qualquer assunto que, agora, não me vem à memória. Desloco-me com ela todos os fins-de-semana, para
Sines, desde o dia em que ela se mudou para lá.
O autocarro iniciou o seu caminho, pronto para mais uma jornada de “pára, arranca…pára, arranca…”, isto é, o recolher e o deixar passageiros durante a viagem.
Revejo a minha face no vidro do autocarro. Este separa o quente e aconchegado calor humano, do frio e escuro inverno das noites de dezembro. A noite caiu já há algum tempo, tempo suficiente para que apareça uma branca e cintilante lua no céu!
A lua faz com que eu viaje entre sonhos e planetas muito distantes. Desta vez, encontrei um planeta, onde as pessoas viviam principalmente junto ao mar. Residiam em simples casas, construídas a partir de palha. Coabitavam, felizes, com os seus familiares e amigos. Convidaram-me me para passear num enorme barco construído há mais de duas décadas, e eu aceitei. O barco era enorme e cheio de esconderijos. Entre gargalhadas e brincadeiras, uma tempestade abateu - se sobre nós, o céu estava carregado de nuvens escuras que não aparentavam nada de bom. Tudo se alterou, o vento soprava cada vez mais forte, as velas abanavam de um lado para o outro, pareciam rasgar-se a qualquer momento, mas o primeiro a fraquejar foi o mastro; parecia um palito quando cedeu às forças do vento! Começámos a cambalear, e a tropeçar uns nos outros…até que um homem caiu ao mar! A bóia foi lançada, a força exercida por todos para resgatar o náufrago era quase inútil contra a força do mar...
De repente, já não há tempestade, nem náufrago no mar à espera de ser salvo! Fui acordada pelo parar brusco do autocarro. A única coisa que vejo é, este já parado, junto à rodoviária. Acordei no momento mas importante do meu sonho. Agora não posso voltar; a única coisa que tenho a fazer é levantar-me, pegar na bagagem, despedir-me do motorista e ir-me embora.
Um simples percurso entre duas cidades, resultou numa tempestade, e num náufrago por salvar!É assim que eu recordo um dos episódios da minha infância. Eu sentada num simples banco de autocarro, enquanto viajo entre terras e mares desconhecidos. A viagem mais simples, tornar-se numa das aventuras mais espectaculares de sempre.

Mafalda Pereira, 10ºB nº22

Sem comentários: