sábado, 10 de dezembro de 2011

No PInhal

Quando era mais pequenina, até ir para a creche, ficava com os meus avós paternos, pois os meus pais tinham que ir trabalhar. Todo esse tempo que passei com eles fez com que criássemos uma ligação especial e, mesmo depois de eu entrar na creche aos três anos, era para a casa deles que, nas férias, a minha mãe, todas as manhãs, me levava.
A casa da minha avó é num monte, um pouco afastado do Cercal, bem perto de um pinhal. De todos os dias que passei atrás da minha avó, pois eu não a largava por um bocadinho, guardo uma memória, de entre muitas outras, que nunca vou esquecer: os passeios que eu dava com a minha avó pelo pinhal. Era tão bom sentir o cheiro daquele sítio… Seguia sempre atrás dos passos que ela dava e ia sempre muito atenta a tudo e quando, por curiosidade, tentava arrancar qualquer coisa que me picava, corria para mais perto dela e agarrava a sua mão como se ela fosse a minha protetora. E era!
Nesse pinhal, os pinheiros eram altos, as outras árvores tinham os caules cobertos de eras e o chão estava quase todo atapetado de fetos e de outras plantas que variavam consoante a altura do ano e que só não tapavam o caminho por onde nós andávamos. Era quase como se entrássemos noutro mundo. Perto do Natal, crescia uma planta, muito parecida com o azevinho, que a minha avó apanhava sempre para colocar numa jarra. Ainda hoje não sei ao certo o verdadeiro nome dessa planta, mas que a minha avó chamava-a de “gilbarbeiro”. Por esta altura, era também tempo de escolhermos o pinheiro mais bonito e perfeito para fazer a árvore de Natal.
Noutras alturas do ano, havia sempre uma flor ou uma planta que fosse bonita e que cheirasse bem para colher e levar para casa ou, então deliciávamo-nos apenas com os medronhos que eu adorava comer e que, por isso, a minha avó se dedicava a apanhar e a escolher os mais madurinhos e doces
Foram horas e tardes que decorreram sem que eu desse pelo tempo passar. Hoje guardo esses momentos na minha memória e revejo-os sempre que posso, pois sei que, com muita pena minha, esses tempos não vão mais voltar.
Agora, embora vá menos para a casa da minha avó, quando vou com mais tempo, tento sempre convencê-la a irmos ao pinhal.
Já nada acontece como naqueles tempos, eu cresci, tudo está diferente e a magia daquele lugar foi-se perdendo, ficando apenas as lembranças e as histórias, que a minha avó, ao longo do passeio, me vai contando, de quando eu era pequenina. Outras vezes, conta-me também histórias de tempos muito mais antigos, quando ela tinha a minha idade, que eu escuto com imenso prazer e de sorriso no rosto.


Daniela Silva; 10ºB; nº11

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