segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Animal

O meu lado animalesco, que ao possuir uma quantidade imensa de instintos, permanece adormecido frente à barreira de censura do enorme grupo humano, ascende a algo mais enquanto me alimento, choro, toco, cheiro, observo e durmo. São os sonhos as réplicas da vontade de se libertar deste animal que me habita.
Vontade tem ele de se expandir em vastas planícies naturais e verdes, onde se verifica a amamentação da mãe natureza sobre os seres vivos. Vontade tem ele de se libertar desta civilização medíocre e hipócrita, e de se juntar à civilização irracional, onde os instintos, explícitos nas tintas de variadas cores fincadas sobre o corpo nu, se apoderam das regras, das normas e dos preconceitos. Aí, onde todos são iguais, onde todos apreciam a beleza e o comportamento natural, entre cheiros e toques incontroláveis pela atracção. As insónias, que desfrutam nas noites, onde a lua se enche de estrelas brilhantes, são a certeza de que esses instintos ainda permanecem dentro de nós. Assim, são esses instintos que nos fazem agir sobre os outros como mãe, companheiro ou inimigo.
O meu “eu” escondido e animal deseja vadiar por aí, até que a carne das curvas dormentes do meu corpo estejam impregnadas de flores ardentes, e, ao apanhar o sol com a minha boca, saltar no maduro ar, com os olhos fechados, para colidir contra a escuridão da realidade.

Sara Silva; 12º D

Sem comentários: