sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Voôs

O fim da tarde pode ser o nosso amanhecer, tudo depende da nossa interpretação de início e de fim…

Naquele dia, acordei com uma aragem da manhã a bater-me na cara, sentia uns salpicos a percorrerem-me o rosto, ouvia alguma agitação mas sabia muito bem que não era agitação de pessoas. Era algo muito melhor, algo muito, mas muito melhor…
Não sabia se estava acordado ou simplesmente a sonhar. Porém, era incapaz de abrir os olhos e estragar todo aquele momento que, apesar de misterioso, eu estava a adorar.
Ouvia a água, sentia algo fresco a alcançar a minha face. Imaginei… Imaginei que estava na praia, a observar o nascer do sol, o mar a ganhar a cor que estamos acostumados a atribuir-lhe, talvez por só o visitarmos no Verão, ou ao final da tarde, no Verão… Este mar muda de cor, ora é azul, ora verde, ora branco, ora azul, ora branco… Não mantinha a mesma cor, talvez por para não perder a beleza e o mistério, ou então, apenas para chamar a minha atenção.
Voltei atrás no meu pensamento, podia naquele momento não estar na praia, e se eu estivesse no alto mar?! Rodeado de marinheiros e de piratas, num navio de madeira escura e gasta; num mar azul que, na verdade, era preto, negro, como o luto destes marinheiros, como a bandeira içada que os alertava dos perigos do mar…
Neste momento, percebi que tinha medo de estar naquele lugar. Ainda de olhos fechados, deitado não sei onde, pressionei, com força, estas janelas que me levam para outros mundos e tentei voltar à praia. Estava agora numa ilha deserta, só eu e o mar, e eu, e o mar…
Percebi, então, que o medo é imaginado e só não é superado quando a pessoa, que teme, sem saber realmente o que teme, não tem imaginação suficiente para se transportar para outro lugar e fugir desses medos…
Ainda hoje não sei onde acordei, só porque ainda não tive coragem para abrir os olhos e enfrentar o mundo tal e qual como ele é na realidade. E para quê? Se posso ser tão mais feliz, fechando os olhos ao mundo real e imaginando o meu, dando-lhe toda a perfeição que desejar…


João Pedro Rocha;12º D

1 comentário:

Carolina disse...

Vá lá. coragem. Espreita apenas!
Sai do sonho e tenta enfrentar este Mundo.
Terás desilusões e desgosto mas, certamente também algumas alegrias.
Vai...espreita!
;)